“Como é possível que a capacidade humana para a crueldade seja tão grande?”, pergunta Francisco no início d’O Vídeo do Papa de junho, que acaba de ser divulgado. Sem esconder a dor pelo facto de a tortura continuar a ser uma prática habitual em vários países do mundo, o Papa pede à comunidade internacional que se comprometa “concretamente na abolição da tortura garantindo apoio às vítimas e aos seus familiares”.
“A tortura não é uma história do passado”, assinala Francisco no vídeo. “Infelizmente, faz parte da nossa história atual”. E lembra que, além das “formas de tortura muito violentas”, existem no mundo de hoje “outras mais sofisticadas, como os tratamentos degradantes, a anulação dos sentidos ou as detenções em massa em condições desumanas que tiram a dignidade da pessoa”.
A intenção de oração escolhida para este mês antecipa o facto de, a 26 de junho, ser assinalado o Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas da Tortura, o mesmo dia em que, no ano de 1987, entrou em vigência a Convenção da ONU contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes.
Apesar de os países ocidentais terem abolido o uso oficial da tortura no sistema judicial nos séculos XVIII e XIX e de hoje o seu uso ser totalmente proibido pelo direito internacional, esta é no entanto “uma realidade que continua a acontecer em muitos países”, lamenta a Rede Mundial de Oração do Papa, assinalando que “o Fundo das Contribuições Voluntárias das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura ajudou em cada ano, desde 1981, uma média de 50 mil vítimas de tortura em países de todas as regiões do mundo”.
“Paremos este horror da tortura”, pede por isso Francisco. “É essencial colocar a dignidade da pessoa acima de tudo. Caso contrário, as vítimas não são pessoas, são ‘coisas’ e podem ser objeto de maus tratos desmedidos, causando a morte ou danos psicológicos e físicos permanentes por toda a vida”, conclui.