
Um homem, que fugiu da sua aldeia, vive agora num acampamento nos arredores de Marib, no Iémen. Embora o cenário geral tenha acalmado desde 2022, as preocupações permanecem, já que o país enfrenta desafios económicos, com milhões de desalojados. Foto © UNOCHA/Giles Clarke.
O processo de paz no Iémen está no seu caminho. Naquele que há um ano era considerado o país com a mais grave emergência humanitária do planeta, o cessar-fogo de abril de 2022 foi seguido, esta segunda-feira, 20 de março, por um novo acordo com vista à libertação de 887 prisioneiros, de ambos os lados do conflito.
Na sequência de dez dias de negociações mediadas por uma delegação da ONU, as duas partes prometeram uma à outra levar a cabo um plano de troca de detidos, que está previsto continuar a curto prazo, com novas etapas. Mas, como disse aos jornalistas o enviado especial da organização, Hans Grundberg, nesse compromisso, as partes fizeram igualmente uma “promessa (…) a milhares de famílias iemenitas que vivem há muito tempo a dor da separação dos seus entes queridos”.
A guerra civil teve início quando, em 2014, milícias houthi, de xiitas, com o apoio do Irão, tomaram o controlo da capital Sanaa e algumas partes da zona ocidental do país, e afrontaram o governo de uma coligação sunita, apoiada pela Arábia Saudita.
Apenas em 2018 os dois lados aceitaram um plano em direção à paz, que incluía precisamente a troca de prisioneiros, o cessar-fogo e a participação da sociedade civil no caminho da paz.

A guerra civil teve início quando, em 2014, milícias houthi, de xiitas, com o apoio do Irão, tomaram o controlo da capital Sanaa e algumas partes da zona ocidental do país, e afrontaram o governo de uma coligação sunita, apoiada pela Arábia Saudita.
“Encorajo as partes a libertarem detidos adicionais de forma unilateral e contínua”, apelou Grundberg, observando: “o resultado de hoje é um desenvolvimento bem-vindo e um progresso positivo em direção ao cumprimento pelas partes da sua obrigação sob o Acordo de Estocolmo de libertar detidos relacionados com conflitos numa base de todos por todos.”
Segundo refere a ONU, embora o cenário geral tenha acalmado desde 2022, as preocupações permanecem, já que o Iémen enfrenta desafios económicos, com milhões de desalojados e muitas famílias que lutam pela sobrevivência. Em 2022, quase 11 milhões de pessoas tiveram de ser socorridas todos os meses pelas agências humanitárias.
O que no último ano foi conseguido, em termos de cessar-fogo e apaziguamento, carece de novos passos que consolidem o que se conquistou e abram caminho para um futuro pacífico.
Até há um ano, segundo a BBC, o conflito já tinha originado 233 mil mortes, incluindo 131 mil por causas indiretas, como falta de alimentos, de serviços de saúde e infraestrutura. Mais de 10 mil crianças morreram como consequência direta dos combates.