
No início dos anos 70, o patriarca Cirilo foi morar para Genebra, para ser o representante oficial do Patriarcado de Moscovo no Conselho Ecuménico de Igrejas. Mas não era essa a sua única função. Foto © Ivars Kupcis/WCC-CMI.
As suspeitas sobre o passado do patriarca ortodoxo russo circulavam há anos. Esta semana, confirmaram-se: Cirilo trabalhou para a principal organização de serviços secretos da então União Soviética, a KGB, durante os anos que viveu na Suíça na década de 1970. A revelação foi feita no domingo, 5 de fevereiro, por dois jornais daquele país, após terem acedido a arquivos desclassificados dos serviços secretos suíços.
De acordo com o Le Matin Dimanche e o Sonntagszeitung, a ficha policial de Cirilo, atual líder espiritual da Igreja Ortodoxa Russa que tem apoiado assumidamente a invasão russa à Ucrânia, “confirma que ‘Monsenhor Kirill’, como é chamado nesse documento, pertence à KGB”.
No início dos anos 70, o patriarca foi morar para Genebra, para ser o representante oficial do Patriarcado de Moscovo no Conselho Ecuménico de Igrejas (COE, na sigla francesa). A missão de Cirilo, cujo nome de código era Mikhailov, seria a de influenciar aquela instituição, para que denunciasse os Estados Unidos e os seus aliados e moderasse as críticas à falta de liberdade religiosa na União Soviética.
Contactado por ambos os jornais, o COE afirmou não ter “nenhuma informação” sobre este assunto.
Um sobrinho de Cirilo, Mikhail Gundiaev, que o substituiu como representante do Patriarcado de Moscovo em Genebra, declarou ao Le Matin Dimanche que o seu tio “não era um agente, apesar de estar sob o ‘estrito controle’ da KGB”. Isso “não afetou a honestidade do seu compromisso no trabalho ecuménico com outras igrejas”, enfatizou Gundiaev.