
O Patriarcado esclarece que o caso, não se enquadrando no âmbito da Comissão de Proteção de Menores, “foi comunicado às autoridades civis competentes”, com as quais os responsáveis eclesiásticos se mostram “totalmente” disponíveis para colaborar. Foto © Patriarcado de Lisboa.
O Patriarcado de Lisboa decidiu afastar um padre da diocese de “todas as suas funções” até averiguar se têm fundamento as acusações de violação recebidas pela diocese da capital e feitas pela mulher que se apresenta como vítima. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 1 de Agosto, através de um comunicado enviado ao 7MARGENS e publicado na página oficial do Patriarcado.
“O Patriarcado de Lisboa recebeu uma denúncia relativa a um possível crime de violação praticado por um sacerdote diocesano”, começa por dizer o texto. “Ouvida a vítima e o sacerdote, o Patriarcado de Lisboa decidiu dar início aos procedimentos canónicos previstos para este tipo de casos e afastou o padre de todas as suas funções até ao apuramento dos factos.”
Em causa, sabe o 7MARGENS, está um padre na casa dos 60 anos, que era até agora capelão de uma unidade de saúde da zona de Cascais, colaborando também numa das paróquias da área. “Era alguém que aparecia muito pouco nas reuniões do clero, muito metido na vida dele e que não se envolvia em reuniões ou actividades comuns com os colegas”, disse uma fonte do Patriarcado.
Aliás, o mesmo responsável acrescenta que o padre apareceria pouco na unidade de saúde onde prestava serviço. Além da celebração das missas na paróquia onde colaborava, ocupava boa parte do seu tempo a presidir a celebrações de exéquias ao serviço de agências funerárias.
A suspensão do padre, que inclui a interdição de celebrar missa em público, terá ocorrido há cerca de duas, três semanas e a mesma fonte afirma que é provável que o visado abandone o ministério de padre, a seu pedido.
No comunicado, o Patriarcado esclarece que o caso, não se enquadrando no âmbito da Comissão de Proteção de Menores, “foi comunicado às autoridades civis competentes”, com as quais os responsáveis eclesiásticos se mostram “totalmente” disponíveis para colaborar, “tendo sempre como prioridade o apuramento da verdade e o acompanhamento das vítimas”.
De acordo com o que a Renascença informou, o caso em questão terá ocorrido em Julho e a alegada vítima é uma mulher, que o padre já conhecia antes de ser ordenado e com quem teria uma ligação anterior à ordenação.
Não há ainda ninguém designado para substituir o padre na unidade de saúde em causa, de acordo com as nomeações já feitas pelo patriarca de Lisboa. Apesar de várias tentativas do 7MARGENS, o padre esteve incontactável.
Este é o segundo caso de padres afastados de funções nas últimas semanas por questões ligadas à sexualidade. Em 7 de Julho, o 7MARGENS divulgou o caso do padre Duarte Andrade e Sousa, afastado do Colégio S. Tomás e da paróquia de Nossa Senhora do Carmo (Lumiar), por ter sido acusado de partilhar obscenidades e vídeos com um grupo de alunos na rede social WhatsApp.
Na semana passada, o Observador divulgou também o caso de um outro padre afastado já há tempos e que foi acusado de abusos cometidos na década de 1990, e que motivou mesmo uma carta aberta do patriarca sobre o tema.