
Migrantes no Mediterrâneo à espera de um resgate, em 2017. Foto: Direitos reservados
Pelo menos 45 pessoas morreram na última segunda-feira, 17 de Agosto, naquele que fica para já como a marca trágica do pior naufrágio deste ano na costa líbia. Entre as vítimas, há cinco crianças enquanto 37 outras pessoas sobreviveram. A notícia foi dada nesta quinta-feira pela Organização Internacional das Migrações (OIM) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), citados pelo Vatican News.
Os sobreviventes do naufrágio, de acordo com a mesma fonte, eram provenientes principalmente do Senegal, Mali, Chade e Gana. Foram resgatados por pescadores locais e colocados depois em estado de detenção. O naufrágio teria ocorrido devido à explosão do motor da embarcação.
A Organização Internacional das Migrações e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados denunciaram os “atrasos inaceitáveis no resgate no mar”, sublinhando ainda que, como mostra a prisão dos que conseguiram sobreviver, o porto da Líbia não é seguro. As duas agências internacionais defendem que as empresas da marinha mercante que oferecem ajuda aos migrantes não deveriam ser obrigadas a levar as pessoas de volta para a Líbia, mas deveriam, antes, receber imediatamente um “porto seguro”.
Entretanto, as autoridades espanholas informaram que os corpos de dez migrantes foram encontrados num barco meio submerso ao largo das Canárias, acrescenta o The Guardian.
O desastre junto à costa líbia eleva para 302 as vítimas mortais de naufrágios este ano, de acordo com as referidas duas agências das Nações Unidas. Mas ambas acreditam que o número real pode ser muito maior.
A Líbia, que deixou de existir como Estado e onde há anos se vive uma guerra civil, tem sido uma das rotas privilegiadas, nos últimos anos, pelos que procuram chegar à Europa. O Guardian diz que se calcula em cerca de 654 mil o número de pessoas que ali estão à procura de oportunidade para atravessar o Mediterrâneo, mas vivendo em condições miseráveis e praticamente sem acesso a cuidados de saúde.
Nos últimos meses, recorda ainda o jornal britânico, centenas de migrantes têm sido detidos no mar e as suas embarcações enviadas de volta para a Líbia, apesar da violência e da guerra que ali se verifica, onde os gangues de tráfico humano têm uma grande capacidade de manobra.
A OIM e o ACNUR insistem na “necessidade urgente de reforçar a actual capacidade de busca e salvamento para responder aos pedidos de socorro” e criticam o facto de continuar “a não existir qualquer programa dedicado de busca e salvamento liderado pela União Europeia”.
No dia 8 de Julho, recorda o Vatican News, quando assinalou os sete anos da sua visita a Lampedusa, naquela que foi a primeira viagem do pontificado, o Papa Francisco afirmou: “Penso na Líbia, nos campos de detenção, nos abusos e nas violências que os migrantes sofrem, nas viagens da esperança, nos resgates e nas rejeições. A guerra é ruim, sim, nós sabemos, mas não se pode imaginar o inferno que se vive lá, naqueles campos de detenção. E essas pessoas vinham apenas com esperança e para atravessar o mar.”