
A Casa de S. Mamede, em Lisboa, abre neste sábado, 24, como mais um espaço do Luiza Andaluz Centro de Conhecimento. Foto © Direitos Reservados
Uma oficina de poesia criativa para crianças dos 7 aos 14 anos, um espectáculo de dança contemporânea, um tempo de oração e um concerto – esta é a proposta que, a partir das 15h deste sábado, 24 de Setembro, a congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima preparou para aquela que será a festa de inauguração do núcleo de Lisboa do seu Luiza Andaluz – Centro de Conhecimento (LACC), que pretende atingir sobretudo as gerações mais novas, mas que é aberto a todas as pessoas interessadas.
Será na casa das irmãs em São Mamede, junto da igreja com o mesmo nome (próximo do largo da Rato) que, uma vez aberta a porta a partir das 15h, as diferentes iniciativas se sucederão, começando pela “Poesia Criativa – Escrever do Avesso” para os mais pequenos, a partir das 16h.
A iniciativa marca também o início das comemorações do centenário (que se assinala no próximo ano) da fundação da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima. Este segundo espaço do LACC pretende ser “um local de projectos e realizações, interligado com o conhecimento das obras fundadas e geridas por Luiza Andaluz, bem como da Congregação que fundou e continua o seu legado”, diz uma nota de informação enviada ao 7MARGENS.
Em Abril, quando foi inaugurado, em Santarém, o primeiro espaço do LACC, a irmã Mafalda Leitão, que integra o governo geral da congregação, dizia que este é um “projecto que sempre teve a ver com o desejo de possibilitar” que as casas da congregação “possam ajudar a dessedentar, a sossegar” as vidas e os ritmos contemporâneos.
A cada um dos três espaços do Centro de Conhecimento está destinada uma especificidade: na Casa Madre Luiza Andaluz, em Santarém, acentua-se a espiritualidade e a reflexão; o centro de Lisboa pretende vincar a dimensão empreendedora e dinamizadora da fundadora das Servas; o antigo Convento das Capuchas, também na cidade ribatejana, acentuará a dimensão de educadora atenta à educação integral.
Foi precisamente nesse convento que, em plena Primeira República – quando as religiosas eram colocadas entre a alternativa de serem expulsas ou desenvolverem alguma actividade social –, Luiza Andaluz abriu uma sala de aulas para crianças mais pobres. Em 1925, quando comprou o convento em hasta pública, a fundadora das Servas para lá levou crianças que tinham sido atingidas pela pneumónica de 1918 ou por terem ficado órfãs em consequência da pandemia.
No seu trabalho, Luiza Andaluz manifestava preocupações constantes com os mais fragilizados e necessitados. Em muitas das suas cartas, ela manifestava essas preocupações – fosse com presos, com raparigas que não tinham trabalho ou com o alimento para meninas órfãs.
São essas intuições que o LACC pretende continuar, como “espaço contemporâneo e de vanguarda onde pessoas inquietas e buscadoras da verdade encontram o rosto de Deus e o expressam em novas linguagens”. E que incluirão exposições, conferências, locais de silêncio, encontros de reflexão e espiritualidade, iniciativas à volta de uma peça ou de um livro, histórias de vida… “Queremos ser mulheres inquietas, buscadoras para dar resposta ao evangelho, porque a linguagem tradicional já não é muito perceptível para as pessoas de hoje e temos de saber comunicar com os nossos contemporâneos.” Incluindo através da página digital do LACC, onde se podem encontrar as diferentes actividades, propostas e itinerários sugeridos.
As Servas de Nossa Senhora de Fátima são, actualmente, cerca de uma centena de irmãs em Portugal e mais meia centena em comunidades em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Bélgica, Luxemburgo e ainda no Brasil, de onde sairão em breve, tendo em conta a escassez de vocações – que o LACC também pretende contrariar.