
A polícia da moralidade do Irão está há meses sem exercer a sua ação nas ruas. Foto © Ninara
A ausência de polícia de moralidade nas ruas de Teerão e de outras grandes cidades iranianas nos últimos meses alimentaram a especulação que foi confirmada na noite de sábado pelo Procurador-Geral do Irão, Mohammad Jafar Montazeri, de que esse corpo policial havia sido desmantelado por indicação da própria sede “onde foi estabelecida”.
Montazeri sublinhou que a polícia de moralidade “não tem nada a ver” com o poder judicial do país, mas que “continua a controlar as ações comportamentais a nível comunitário”. Embora funcionários iranianos, incluindo o Presidente Ebrahim Raisi, tenham rejeitado repetidamente os apelos à dissolução da polícia de moralidade, as declarações de Montazeri sugerem que a força optou por hibernar na sequência do incidente de Setembro, quando a jovem Mahsa Amini foi morta depois de detida por alegadamente não usar o véu em condições. Depois da morte de Amini têm-se sucedidos protestos generalizados manchados pela violência.
No início desta semana, Montazeri declarou que o Parlamento, a magistratura e um organismo cultural de topo estão a rever a questão do hijab (véu) obrigatório e que os resultados serão anunciados dentro de duas semanas. “Estamos a trabalhar rapidamente na questão do hijab e estamos a fazer o nosso melhor para desenvolver uma solução sensata para lidar com este fenómeno que fere o coração de todos”, disse Montazeri na sexta-feira, o que representa um grande avanço naquilo que tem sido a realidade do país, marcado nos últimos tempos por fortes protestos que, por causa desta questão, colocam em causa o próprio regime do país.