
Assembleia dos povos indígenas do Sínodo sobre a sinodalidade, parte da etapa continental. Foto © Celam.
Perto de meia centena de representantes dos povos e comunidades originárias da América Latina juntaram-se na última semana para dar o seu contributo específico ao processo sinodal que toda a Igreja Católica está a viver.
O encontro de cinco dias sobre “Participação Sinodal e Articulação Pastoral” realizou-se na localidade equatoriana de Latacunga, nas encostas do vulcão Cotopaxi, e foi organizado pela comissão de povos indígenas do Conselho Episcopal da América Latina e Caraíbas (Celam).
A presença de responsáveis pastorais da região, entre bispos, presbíteros, religiosas e leigos, não impediu os participantes dos povos originários de apresentarem reivindicações que apontam no sentido de superar as distâncias e esquecimentos a que se sentem votados.
Como os organizadores quiseram vincar, não se tratou de uma iniciativa paralela, mas, antes, “complementar às quatro assembleias regionais da fase continental do Sínodo na América Latina e nas Caraíbas”, buscando garantir a participação ativa dos povos originários no processo sinodal.
“Estamos preocupados com o abandono da pastoral dos povos indígenas que não contam com o apoio das suas estruturas eclesiais”, afirma a comissão de povos indígenas do Celam, em nome dos participantes. “Lamentamos as incoerências entre as palavras escritas e as ações quotidianas, que se vivenciam em alguns lugares”, acrescentam os agentes de pastoral oriundos de oito países do subcontinente.
Na avaliação feita sobre o modo como a Igreja está a enfrentar esta realidade, utilizando o método da conversação espiritual, foi possível fazer o levantamento das tensões e divergências existentes. A participação no processo sinodal foi valorizada, mas, ao mesmo tempo, considerou-se serem ainda “insuficientes as possibilidades de integração ativa no processo”, dada a falta de “espaços de participação, tanto na etapa das igrejas particulares como na etapa continental”.
Os resultados do trabalho deste Encontro Sinodal de Participação dos Povos Originários serão refletidos nas contribuições para o processo sinodal que constarão da etapa continental.
O encontro contou com a presença de representantes dos povos Nahuatl do México; Guaraní e Mbya Guaraní do Paraguai; Guna e Ngäbe do Panamá; Puruborá do Brasil; Chiquitano e Andina da Bolívia; Achuar e Huitoto-Muruy do Peru; Nasa, Inga, Tucano, Emberá Katío, Zenú e Pastos da Colômbia; e Kichwa e Shuar da Amazónia equatoriana.