Precisamos de nos ouvir (23) – Darcília Machado: Muito disto está suspenso novidade
A minha escola tem uma horta onde se aprende com a natureza que “há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou”. A minha escola tem heróis que todos os dias se superam a si próprios. Muito disto está suspenso. Tenho vontade de voltar a viver tudo isto, lá.
Precisamos de nos ouvir (22) – António Durães: Talvez a arte nos possa continuar a salvar
Por força não sei de que determinação, o meu mundo, o mundo teatral, divide-se, também ele, em duas partes. Não há Tordesilhas que nos imponha o mundo assim, mas a verdade teatral determina-o: o mundo da sala e o mundo do palco. A cortina de ferro divide esses dois mundos de forma inexorável. Por razões de segurança, mas também por todas as outras razões. E esses dois mundos apenas se comunicam, quando o Encontro, como chamavam alguns antigos ao espectáculo, se dá.
Precisamos de nos ouvir (21) – Luísa Ribeiro Ferreira: Um confinamento na companhia de Espinosa
Recebi do 7MARGENS um convite para escrever sobre a minha experiência desta pandemia, partilhando a fragilidade da condição que actualmente vivemos. Respondo recorrendo a Espinosa, o filósofo com quem mais tenho dialogado e que durante o presente confinamento revisitei várias vezes, quer por obrigação (atendendo a compromissos) quer por devoção (a leitura das suas obras é sempre gratificante).
Precisamos de nos ouvir (20) – P. Luís Marinho: A quem pertences?
A liturgia daquele 2º domingo de setembro de 2020 dava-nos a ouvir breves e incisivas frases da Carta aos Romanos: “Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor.” A minha memória foi tomada pela letra de uma canção que povoou o meu imaginário juvenil – um sentido grito de liberdade!
Precisamos de nos ouvir (19) – Isabel Margarida: Essencial, os outros ali bem perto
Também podemos aproveitar o que aprendemos em termos de ensino e de sessões várias online. Anseio por voltar ao presencial, que nada substitui, mas sem desperdiçar algumas lições.
Precisamos de nos ouvir (18) – Américo Monteiro: Muito terá de mudar no mundo do trabalho
Em Portugal foi oficialmente anunciado o primeiro caso de infeção da covid-19 a 2 de março de 2020 e decretado o primeiro estado de emergência a 18 do mesmo mês. Está a completar-se um ano. Nem nas horas de maiores trevas imaginava um cenário como aquele que hoje vivemos.
Precisamos de nos ouvir (17) – Maria do Céu Sousa Fernandes: As azáleas voltarão a abrir na primavera
Recentemente, num dos raros dias de sol deste inverno chuvoso, reparei que no meu pequeno jardim havia uma azálea já florida. Fiquei contente. A primavera está a chegar e com ela as flores, os frutos e tudo o mais que é necessário e que a terra nos dá.
Precisamos de nos ouvir (16) – Pedro Bacelar de Vasconcelos: A maldita pandemia
A pandemia é um mal apocalíptico. Continuamos sem saber ao certo de onde veio nem o que é, salvo o reconhecimento elementar que facultou o fabrico em tempo recorde de um expediente imunizador, a ansiada vacina, mas nada de seguro se encontrou que a possa curar. Dos efeitos que provoca, todavia, sabemos quase tudo, a cada momento.
Precisamos de nos ouvir (15) – Catarina Leal: A necessidade torna todas as coisas comuns
Em Arroios e outras freguesias de Lisboa, vizinhos e vizinhas juntaram-se para formar, voluntariamente, serviços de apoio mútuo, como cantinas, lojas, mercearias e lavandarias gratuitas. Em maio do mesmo ano, algumas destas pessoas inauguraram, num edifício devoluto, um centro de dia a que chamámos Seara.
Precisamos de nos ouvir (14) – Vítor Rafael: O coração amoroso de Deus
Falar acerca do que temos aprendido ao longo desta pandemia fez-me pensar essencialmente naquilo que muitas vezes não consegui aprender noutras circunstâncias diferentes da atual crise que estamos a atravessar.
Precisamos de nos ouvir (13) – Teresa Vasconcelos: Ponto Pé de Flor e confinamento
Bordar a ponto pé de flor é uma atividade muito repousante, pelo menos para mim. Sempre um ponto maior à frente e um ponto menor atrás, traçando linhas e curvas que trazem ritmo e consistência ao bordado. Tenho feito muito ponto pé de flor ao longo de um confinamento que dura há quase um ano. Fazer ponto pé de flor relaxa-me, insere as minhas mãos num movimento rítmico.
Precisamos de nos ouvir (12) – Paulo Pereira de Carvalho: O ar comum
Pudéssemos nós ainda acreditar no poder redentor das pandemias e faríamos a lista do que aprendemos com esta e do que é necessário fazer politicamente a partir de agora num contexto diferente do anterior… mas sabemos, de antemão, que o tão publicitado Novo Normal nada trará de novo e que, pela parte de quem detém o poder, nos espera a tentativa desesperada de repor o Antigo Normal, segundo fórmula conhecida.
Precisamos de nos ouvir (11) – Clara Lito: Abraçar a realidade
Continuo a cruzar-me todos os dias com muitas pessoas; no bairro onde vamos, um bairro de intervenção prioritária, continuamos a poder ter atividades com as crianças. E vivo em comunidade, por isso, quando chego a casa não estou sozinha, como tantos outros… Sim, não estou confinada, não me sinto angustiada… sou uma privilegiada!
Precisamos de nos ouvir (10) – Bruno Matoso: O confinamento não me tem atrapalhado
Sobre estes tempos de confinamento não tenho assim nada de especial para dizer. A não ser que me trouxe uma situação bastante positiva: permitiu-me trabalhar em casa, coisa que adoro…
Precisamos de nos ouvir (9) – Sara Jona Laísse: Em tudo, os nossos rituais…
Apetece-me sair pelas ruas e gritar: usem máscaras, a uns; sejam mais humanos, às entidades patronais que ignoram as normas impostas contra a covid-19; sejam gente, a todos os que se aproveitam de regras impostas, para não cumprirem com o que devem, nos seus locais de trabalho; chega de mortes, ao universo, que continua a conspirar em nosso desfavor.
Precisamos de nos ouvir (8) – Isaac Assor: Manter a esperança
Estes duros meses, quase um ano, em que vivemos com a pandemia causada pela covid-19, têm-me levado a refletir sobre tantos e tantos assuntos, temas, coisas… Há algo que tenho tanta vontade de dizer e repetir em público: não percam a esperança – iremos vencer e ultrapassar esta crise pandémica!
Precisamos de nos ouvir (7) – Lucy Wainewright: A Páscoa acontecerá
Leio que o nosso primeiro-ministro avisou: “Uma coisa é certa: não haverá Páscoa para ninguém” e “este ano a Páscoa não será a Páscoa que nós conhecemos”. E que Páscoa conhecemos nós?
Precisamos de nos ouvir (6) – Manuel Almeida dos Santos: O Depois da Tragédia
Quando, há cerca de um ano, fomos confrontados com a tragédia que, desde então, tem feito parte das nossas vidas, perspetivei, em intervenção pública, um conjunto de aspetos, a seguir referidos, não antevendo que, um ano depois, se mantinham atuais.
Precisamos de nos ouvir (5) – Lídia Jorge: Metamorfose
(e foto da página principal): Tollymore Forest Park, Irlanda do Norte. © Maria Marujo Quando fiz treze anos passei a interessar-me pelos bichos da seda. Passava horas debruçada sobre uma caixa de cartão onde uma vintena de lagartas tosavam folhas de...
Precisamos de nos ouvir (4) – Miguel Panão: Saudades das caras
Numa rua com uma simples brisa, não há motivo para não mostrar a minha cara. Os aerossóis são dispersos por uma simples brisa. Só nos espaços mais fechados ou pouco ventilados é que corremos o risco de nos infectarmos. Tenho saudades das caras, e penso que esta pandemia ajudar-nos-á a descobrir facetas desconhecidas da nossa identidade, ou a re-definir o que nos identifica.
Precisamos de nos ouvir (3) – Lara Wemans: Natureza, emprego e crianças
Neste segundo confinamento, já com algum distanciamento de março 2020 e a reviver novamente esta estranha rotina, surgem-me duas pequenas partilhas que partem da minha experiência individual, necessariamente enviesada.
Precisamos de nos ouvir (2) – Hugo Nogueira: Mostrar que o sistema funciona
Um dos colegas partilhava connosco um vídeo de um cidadão asiático, provavelmente chinês, que após uma medição de temperatura, se vira compelido, com alguma agressividade, a entrar no carro da autoridade policial. Incrédulos, questionámos a atitude desta autoridade e individualmente, em silêncio, agradecíamos por vivermos num país de brandos costumes.
Precisamos de nos ouvir (1) – Alice Vieira: O que aprendi na pandemia
Aprendi muito – e continuo a apender – nesta pandemia. Para já, não andar para aí sempre a queixar-me. Como diz um provérbio chinês que eu cito muito: “Se tem solução, por que é que te queixas? Se não tem solução, por que é que te queixas?”