
Cristina Inogés Sanz. Foto © António Marujo/7Margens
A comunidade cristã LGTBI+H Crismhom de Madrid atribuiu o seu Prémio Arcoíris à colunista do 7MARGENS, a teóloga Cristina Inogés Sanz, pelo seu trabalho no sentido de “ajudar a dar visibilidade às pessoas LGBTQI+” ao longo do processo sinodal. O prémio foi-lhe atribuído em conjunto com Marisol Ortiz e a irmã Maria Luisa Berzosa da mesma equipa sinodal que procurou estimular esta comunidade de pessoas a participar no Sínodo da Igreja Católica sobre a sinodalidade.
“Receber este prémio é uma alegria imensa e, mais ainda, partilhá-lo com duas grandes mulheres que são também duas amigas e companheiras de caminho” – disse ao 7MARGENS, Cristina Inogés, sublinhando: “Eu acredito neste ministério [de acompanhar pessoas LGBT] porque acredito que através dele tornamos realidade o Evangelho; porque creio que uma Igreja que não inclui todos não é a verdadeira Igreja; e porque todos os dias ressoa no meu coração que ‘o Verbo se fez carne’ e nessa carne assumiu toda a condição humana criada por Deus por amor.”
Ao fundamentar a atribuição do seu prémio anual, a Crismhom reconhece que “uma realidade muito importante está a acontecer na Igreja: as comunidades arco-íris e as pessoas LGBTQI+ são, pela primeira vez na história, levadas em consideração e as suas vozes e experiências vitais foram e estão a ser ouvidas” e que na Igreja Católica se está a viver “um período de escuta do Espírito, de diálogo interno e de discernimento do Povo de Deus para acolher sem discriminação” todo o tipo de pessoas.
Olhando ainda para a atualidade eclesial, a Crismhom verifica que “a imprensa relata que o Papa Francisco permite a mulheres e a leigos votarem no Sínodo” o que possibilita “manifestar uma opinião que influencie” e por isso é chegada “a hora de contribuir e continuar construindo espaços acolhedores e livres de qualquer LGBTIfobia”. Nesse sentido, a associação reafirma o seu propósito de insistir “numa reivindicação justa e necessária: que as pessoas com diversas orientações sexuais e identidades de género sejam reconhecidas em plena igualdade na Igreja Católica”, pois esta é, dizem: “a nossa casa onde seguimos Jesus, Aquele que acolhe sem discriminação e por puro amor”.
Com Marisol Ortiz (leiga das Comunidades CVX que acompanha pais e filho(a)s transexuais) e a irmã Maria Luisa Berzosa (das Filhas de Jesus, que se dedicam a acompanhar comunidades e pessoas LGBTQI+), Cristina Inogés formou uma equipa sinodal com o objetivo de tornar aquelas pessoas “presentes sempre que possível, dizendo que uma Igreja sem elas (e muitos outros excluídos) não é uma verdadeira Igreja”. “Acima de tudo”, diz Inogés, “quisemos incentivá-los a participar e tornarem-se visíveis, enviando as suas contribuições para o Sínodo enquanto comunidades LGBTQI+, e a verdade é que o fizeram e uma parte da Igreja descobriu, de modo positivo, estes católicos”. Também houve, remata Inogés, “alguns que não os viram com bons olhos e continuam a pensar barbaridades”.
Ambas as companheiras da teóloga já tinham recebido o Prémio Arcoíris em anos anteriores. Ortiz como membro das Comunidades de Vida Cristã (CVX, um movimento próximo dos jesuítas) e a irmã Berzosa pelo seu trabalho pessoal. O XVII Prémio Arcoíris será entregue numa cerimónia que terá lugar em Madrid ao fim da tarde de sexta-feira, 23 de junho. Crismhom, é o acrónimo de CRISTianas y cristianos de Madrid HOMosexuales, a primeira denominação que a associação teve quando foi criada em 3 de junho de 2006. Atualmente, mantém-se o acrónimo, embora o nome oficial da associação seja: CRISMHOM Comunidad cristiana LGTBI+H. Asociación de diversidad sexual e identidad de género.
O 7MARGENS publicou uma entrevista com Cristina Inogés a 11 de março deste ano. A teóloga integra a comissão metodológica do Sínodo sobre a sinodalidade que está a decorrer até ao final 2024 e lançou na Feira do Livro de Lisboa o seu livro A Sinfonia Feminina (Incompleta) de Thomas Merton (Paulinas Editora, 2023), sobre a relação do monge místico do século XX com as mulheres [ver 7MARGENS].
Colaborou com a Faculdade de Teologia de Gotinga (Gottingen), Alemanha, e atualmente é colaboradora regular de várias publicações, entre as quais a revista espanhola Vida Nueva, além de autora de vários livros, que inclui o recente Beguinas, Memoria Herida (“Beguinas, memória ferida”), sobre a experiência medieval comunitária e autónoma das beguinas.