
Frei Bento Domingues encerrará a sessão com uma intervenção. Foto © Agência Ecclesia/HM.
Uma mensagem em vídeo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala na próxima terça-feira, 3 de Maio, às 18h, os 30 anos de crónicas regulares e ininterruptas de frei Bento Domingues no Público, numa sessão organizada em conjunto pelo diário nacional e pelo 7MARGENS. Uma experiência que o próprio já definiu como de “teologia em fragmentos”.
Na sessão, intervêm ainda o ex-deputado socialista Pedro Bacelar de Vasconcelos (que apresentará “Um olhar republicano sobre uma coluna que fala de Deus”) e a enfermeira Carmen Garcia, cronista do Público também aos domingos, com uma intervenção com o título: “Aprendi a ler ao tempo destes escritos”.
A iniciativa decorre no auditório do Público, em Alcântara (Lisboa) mas, tendo em conta a lotação do espaço, o acesso presencial está condicionado a vários convidados e assinantes do jornal. As restantes pessoas poderão acompanhar a sessão através da transmissão directa que o Público fará neste endereço.
Manuel Carvalho, director do Público, e Jorge Wemans, que era director-adjunto do jornal quando frei Bento começou a escrever, recordarão as razões do convite para que o frade dominicano escrevesse no jornal.
Das crónicas, resultaram já, recorde-se, cinco obras publicadas nos últimos anos: O Mundo que Falta Fazer, que incide sobre questões sociais e políticas; A Insurreição de Jesus (sobre Cristo e o cristianismo); O Bom Humor de Deus e Outras Histórias (sobre Deus e a religião); e Francisco, o Papa que põe a Igreja a Mexer, sobre o(s) papa(s) e o catolicismo. A Religião dos Portugueses, publicado em 2018, actualiza a obra com o mesmo título publicada 30 anos antes e acrescenta também várias crónicas sobre Fátima e o catolicismo português.
Estes cinco volumes foram todos organizados e apresentados por António Marujo, jornalista do 7MARGENS e que esteve no Público até 2013, e Maria Julieta Mendes Dias, religiosa do Sagrado Coração de Maria, e publicados pela Temas e Debates. Precisamente Guilhermina Gomes, responsável desta chancela, e António Marujo, falarão, antes da mensagem do Presidente, sobre a edição das crónicas em livro. O próprio frei Bento Domingues fará uma intervenção a encerrar a sessão.
Pelos textos de frei Bento passam todos os grandes temas do catolicismo contemporâneo: a experiência de Deus como relação pessoal e de acolhimento aos mais excluídos; a fé como possibilidade da interrogação e da busca de Deus; a espiritualidade como preparação “para uma vida diferente”; a esperança e a justiça como dimensões que concretizam o Evangelho; a vida de Jesus como presença de Deus na história e como insurreição em relação aos poderes e aos códigos de comportamento; os apelos de renovação a que a Igreja deve responder, incluindo na maior abertura aos leigos e às mulheres nas estruturas de participação e decisão; a arte e a beleza (mesmo na liturgia) como reflexos da busca humana de Deus; o compromisso dos cristãos em favor da paz, da não-violência e da justiça social…
Estas crónicas – marcadas pela fina ironia do autor, a sua capacidade de prospectivar sinais de futuro na experiência da fé, bem como por uma análise da presença do religioso no mundo contemporâneo – tinham sido já objecto da publicação de quatro volumes, editados pela Figueirinhas, correspondendo às crónicas escritas entre 1992 e 1996, agrupadas cronologicamente (A Humanidade de Deus, A Igreja e a Liberdade e As Religiões e a Cultura da Paz – I e II, os dois últimos com prefácios do então Presidente Jorge Sampaio e da escritora Lídia Jorge).