Presidente do episcopado católico alemão admite que relação de casais homossexuais pode ser “abençoada por Deus”

| 18 Abr 20

Bispo Georg Bätzing

O bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, numa foto de 20 de Agosto de 2019. Foto © Christian Pulfrich/Wikimedia Commons

 

“Se um casal homossexual vive em fidelidade, não poderemos dizer que a relação deles é abençoada por Deus?” A pergunta em forma de sugestão é do bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, durante uma entrevista dada esta semana ao Frankfurter Allgemeine Zeitung, um dos principais jornais de referência na Alemanha.

Quando questionado sobre quais deveriam ser as prioridades da Igreja durante e após a pandemia de covid-19, Bätzing explicou que gostaria de alterar a forma como muitas pessoas olham para a instituição e os seus ensinamentos. Em particular, o bispo pensa nos jovens, que consideram a instituição desatualizada, nomeadamente no que diz respeito aos temas associados à sexualidade, o que provoca muitas vezes o seu afastamento.

O desafio é “ultrapassar este afastamento”, mas “sem desenvolver um ensino completamente novo”, defendeu. E deu dois exemplos concretos: as relações dos casais homossexuais e o celibato obrigatório dos padres.

“Em relação à primeira questão – a da preocupação da Igreja com os homossexuais – durante muito tempo, na teologia moral, dissemos que se o amor é verdadeiro e vivido em compromisso e fidelidade, temos de o reconhecer”, sublinhou o responsável pelos bispos alemães.

Quanto ao celibato, Bätzing fez referência ao documento final do Sínodo da Amazónia, realizado em outubro do ano passado, e sublinhou que, pelo menos naquela região do mundo, será mais importante a existência de padres do que a sua continência clerical. “Não acredito que a existência de padres casados cause algum mal à Igreja”, afirmou.

O bispo referiu-se ainda aos abusos sexuais sobre menores praticados por padres e reconheceu que, nesse campo, a Igreja cometeu “erros colossais”. A atitude da instituição no passado foi “vergonhosa”, diz, quando defendia que “as inclinações sexuais podem ser tratadas e que o abuso pode ser remediado, sem ter em conta a perspetiva das vítimas”.

Georg Bätzing, 58 anos, foi nomeado bispo de Limburgo (centro-leste da Alemanha, a 80 quilómetros de Frankfurt), pelo Papa Francisco em 2016 e eleito presidente da Conferência Episcopal Alemã no passado mês de março. Na primeira conferência de imprensa após a sua eleição, prometeu que daria especial atenção ao diálogo ecuménico, à luta contra o racismo e à justiça para com as vítimas de abusos sexuais dentro da Igreja.

No passado sábado, 11, esteve lado a lado com o representante da Igreja Luterana alemã, naquela que foi a primeira mensagem conjunta de Páscoa de ambas as igrejas naquele país.

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