
Para o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, “alguns néscios” têm a ideia de que a Rússia pode ser derrotada, e ser-lhe “impostos valores que nem sequer podem ser denominados assim”. Foto © Oleg Varov / Igreja Ortodoxa Russa.
O patriarca de Moscovo, Cirilo, voltou a exaltar o poder da Rússia, desta vez durante a liturgia da Epifania, na catedral da capital russa. “Qualquer tentativa de derrotar a Rússia significará o fim do mundo”, afirmou, citado pelo Religión Digital desta sexta-feira, 20 de janeiro, alertando que o seu país “tem armas poderosas” e que o seu povo sempre esteve “motivado para ganhar”.
“Hoje existem grandes ameaças para o mundo, o nosso país e toda a raça humana”, prosseguiu o patriarca Cirilo, assinalando que “o desejo de derrotar a Rússia adotou formas muito perigosas”.
Para o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, “alguns néscios” têm a ideia de que a Rússia pode ser derrotada, e ser-lhe “impostos valores que nem sequer podem ser denominados assim”. “Mas acreditamos que o Senhor não abandonará a terra russa, e dar-nos-á força, se necessário, para proteger a sua terra e o seu povo”, concluiu.
Recorde-se que a posição pró-Putin do Patriarca de Moscovo desencadeou movimentações em praticamente todo o mundo ortodoxo e particularmente no próprio país invadido. De facto, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia, a principal comunidade ortodoxa, sufragânea do Patriarcado de Moscovo, apressou-se a apelar a Cirilo para que condenasse a guerra e apelasse à paz. Perante o insucesso da pressão, acabaria por decidir, num sínodo realizado em abril de 2022, uma separação [ver 7MARGENS].
Há duas semanas, Cirilo havia pedido a Moscovo e Kiev um cessar-fogo na guerra da Ucrânia devido às festividades do Natal ortodoxo. A Rússia mostrou boa vontade, ao anunciar “um regime de cessar-fogo em toda a linha de contacto na Ucrânia”, “tendo em conta o apelo” do patriarca Cirilo, mas foi alvo de críticas. Na Ucrânia, o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional descreveu a iniciativa de “mentiras e hipocrisia”. Já a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã disse que se o líder russo quisesse realmente a paz “levaria os seus soldados para casa”. Para Annalena Baerbock, “um chamado cessar-fogo não traz nem liberdade nem segurança às pessoas que vivem no medo diário sob ocupação russa”.