
Sintra numa foto da exposição Lugares Encantados, do Museu de Etnologia. Direitos reservados.
O que têm em comum o santuário católico mariano de Fátima, a vila muçulmana andaluza de Mértola, a romântica mística e mística Sintra e o bairro lisboeta e islâmico da Mouraria? E como podem coexistir em Fátima o catolicismo popular que domina o santuário, e o facto de outros cristãos, mas também hindus, muçulmanos, praticantes de religiões afro-brasileiras e de nova era procurarem o lugar?
A estas perguntas – e outras que já veremos – procura responder a exposição Lugares Encantados – Espaços de Património, patente no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa (no Restelo), bem como o debate que, na tarde deste sábado, 16, decorre no mesmo espaço, com a participação de vários crentes de diferentes credos e pertenças religiosas, bem como da socióloga Helena Vilaça, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e do antropólogo Alfredo Teixeira, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. A conversa será moderada por Clara Saraiva, antropóloga e responsável pela investigação que deu origem à mostra do Museu de Etnologia.
A mesa-redonda decorre a partir das 15 horas e tem como tema “Diversidade Religiosa e Património”, de acordo com uma nota divulgada pelo Museu e enviada ao 7MARGENS. As denominações religiosas representadas incluem a Igreja Católica, Comunidade Islâmica, Tenda de Umbanda Mãe Iemanjá, Associação da Tradição Druídica Lusitana, Mosteiro Budista Sumedhārāma, Jai Ambe Mandir-Comunidade Hindu, Xamanismo e Congregação Politeísta Pagan Federation International.
“Diz-se que o mundo foi progressivamente desencantado: primeiro a magia expurgada da religião, e depois esta separada dos estados. A ideia de património teria surgido desse depuramento moderno”, lê-se na apresentação da exposição, na página digital do Museu de Etnologia.
“Mas o que acontece hoje, quando lugares religiosos são olhados como património ou quando sítios patrimonializados têm usos religiosos? O que é o património e o que é o sagrado?”
A exposição Lugares Encantados – Espaços de Património é o culminar de um projecto que reúne nove investigadores portugueses, espanhóis, italianos e brasileiros. E pretendeu “estudar a forma como diferentes comunidades e grupos religiosos se relacionam com o património cultural e natural, em locais diferentes” como são os quatro lugares enunciados. O interesse da exposição redobra tendo em conta, diz o professor Alfredo Teixeira, que ela reúne, “não só, mas também, práticas de grupos religiosos menos conhecidos, mas em crescimento na sociedade portuguesa”.