Como arcebispo de Munique

Ratzinger acusado de encobrir capelão abusador

| 5 Jan 2022

Já papa emérito, Bento XVI fotografado no jardim do Vaticano © Fondazione Vaticana Joseph Ratzinger-Benedetto XVI

 

Terá o cardeal Joseph Ratzinger, depois Papa Bento XVI, encoberto um caso de abuso sexual, nos tempos em que foi arcebispo da diocese alemã de Munique e Freising? O jornal Die Zeit e a cadeia televisiva pública ZDF deram esta quarta-feira, 5 de janeiro, esse facto como consistente, mas o bispo e secretário pessoal de Ratzinger, Georg Ganswein, desmentiu-o prontamente.

O caso é relativamente conhecido na Alemanha: o capelão Peter H., que exercia na diocese de Essen, foi sucessivamente acusado de abusos de menores. Os seus superiores, sabendo do que se passava, limitaram-se a ordenar-lhe sessões de terapia psicológica.

Em 1980, o clérigo procurou integrar-se no clero diocesano de Munique, o que veio a acontecer, com autorização do arcebispo de então, Joseph Ratzinger. Mas também nesta diocese o padre voltou a ser denunciado pelos mesmos crimes. Viria mesmo a ser condenado a 18 meses de prisão, em 1986. De novo as autoridades eclesiásticas procederam à sua transferência, agora para uma outra diocese no sul do país.

A questão que está em jogo é saber se Ratzinger, ao autorizar a inscrição e acolhimento desse capelão na sua diocese, sabia ou não que estava perante um agressor e abusador de crianças. O desmentido de Ganswein ao Die Zeit é taxativo: Joseph Ratzinger “não teve conhecimento da história anterior (acusações de agressão sexual) na decisão de admitir o padre”, pelo que a acusação de encobrimento “é falsa”.

Contudo, o jornal cita o decreto do tribunal eclesiástico de Munique e Freising, datado de 2016, que refere taxativamente que os superiores eclesiásticos estavam cientes de quem se tratava, e que, mesmo assim, não apenas colocaram o padre em tarefas pastorais em que estava em contacto com crianças, como não informaram o Vaticano. Ratzinger “dispôs-se a admitir o padre H. tendo conhecimento da situação”, afirma o documento, citado pelos dois meios de comunicação.

Segundo refere jornal digital chileno Kairos News, o decreto eclesiástico foi elaborado como “parte de um processo interno da Igreja”, concluindo que “os bispos responsáveis ​​e seus vigários gerais em Munique e Essen não cumpriram as suas responsabilidades para com as crianças e os jovens.

Ratzinger é mencionado como tendo tido conhecimento da história do padre abusador, e mesmo assim o ter instalado na sua diocese.

Este caso acaba por envolver também outros membros do clero alemão, em particular o cardeal Reinhard Marx, hoje no conselho de cardeais do Papa. No caso deste alto responsável do episcopado alemão, ele teria transferido o padre H. para um outro local de trabalho. Algum tempo depois, perante a continuidade dos abusos, ter-se-á solidarizado com um outro colega bispo, propondo ambos que ele fosse destituído do ministério.

Em breve, pode ser que se venha a fazer mais luz sobre o teor do documento do tribunal eclesiástico de Munique, que está na base desta notícia. É que, ainda segundo o Kairos News, na segunda metade deste mês deverá vir finalmente a lume um muito esperado relatório sobre o modo como a arquidiocese lidou com as acusações de abusos. Esse estudo foi elaborado por um escritório de advogados, sob encomenda do cardeal Reinhard Marx, e cobre o período que vai de 1945 a 2019, cobrindo quer o período de governo da diocese do cardeal Ratzinger quer do próprio cardeal Marx.

 

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