
Comunidad kichwa Añangu, no Parque Nacional Yasuní, do Equador (foto de 2013). É este território amazónico que vê agora travada a exploração num dos blocos petrolíferos. Foto © Fernanda LeMarie/Cancillería del Ecuador, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons.
É uma “vitória histórica”, apontam ambientalistas e defensores da Amazónia. Chamados às urnas, num referendo realizado no domingo, em simultâneo com as eleições legislativas antecipadas, a maioria dos equatorianos não teve dúvidas em aprovar a suspensão da exploração de um campo de petróleo na reserva amazónica de Yasuni, descreveu o jornal francês Le Monde.
De acordo com os resultados publicados na segunda-feira, 21 de agosto, 59% dos equatorianos votaram a favor da suspensão da produção de petróleo no Bloco 43, ou bloco Ishpingo, Tambococha e Tiputini (ITT), um campo petrolífero emblemático na reserva amazónica de Yasuni, no leste do país, do qual são extraídos 12% dos 466 mil barris diários produzidos pelo Equador.
Esta consulta atraiu a atenção de ativistas mundiais, como o ator Leonardo DiCaprio, que fez campanha pela suspensão da exploração petrolífera. A estrela de Hollywood saudou o resultado deste referendo como “um exemplo da democratização da política climática”. E a ativista sueca Greta Thunberg, que também se envolveu no referendo, reagiu na sua conta do Instagram: “É disto que se trata a ação climática.”
O referendo nacional sobre o futuro desta exploração era pedido há dez anos por uma associação ambientalista e foi finalmente autorizado em maio pelo Supremo Tribunal do país, de acordo com o Le Monde.
Num momento de forte tensão política no Equador, com os cartéis da droga a assassinarem políticos, e uma crise social e económica a pesar nos mais vulneráveis, os eleitores equatorianos recusaram os argumentos do governo do país. Segundo o executivo de Quito, que se opôs à consulta popular, se o bloco fosse travado, como aconteceu, as perdas financeiras seriam de 16,47 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros) ao longo de 20 anos. Já a empresa petrolífera nacional Petroecuador argumentou que terá explorado apenas 80 hectares até agora, apesar de estar autorizada a explorar cerca de 300 hectares do Yasuni.
Depois de conhecidos os resultados, a Petroecuador declarou em comunicado que iria cumprir a “decisão soberana” dos equatorianos.