
Frequentemente, as instituições religiosas dão prioridade à reputação da organização sobre as necessidades das vítimas de abuso sexual. Foto: Soupstock.
A generalidade das instituições religiosas em Inglaterra e no País de Gales revela “falhas chocantes” e “hipocrisia” na forma como lida com os casos de abusos sexuais de menores. “O seu propósito é ensinar o bem, e no entanto falham em proteger as crianças”, denuncia um estudo realizado ao longo do último ano pelo Independent Inquiry into Child Sexual Abuse (IICSA), publicado esta quinta-feira, 2 de setembro.
A investigação analisou as práticas de proteção de menores em 38 organizações religiosas, associadas ao Judaísmo, Hinduísmo, Budismo, Islão, Testemunhas de Jeová, Batistas, Metodistas, e outras denominações cristãs não conformistas, tendo concluído que muito poucas apresentam políticas de proteção de menores implementadas.
“As barreiras organizacionais e culturais à denúncia de abuso sexual infantil em organizações e ambientes religiosos são numerosas, variadas e difíceis de superar”, mostra o estudo. Entre elas, incluem-se “culpar as vítimas, ausência de discussão sobre sexo e sexualidade e desencorajar relatos externos, dando prioridade à reputação da organização sobre as necessidades das vítimas de abuso sexual”.
O relatório termina com duas recomendações: “que todas as organizações religiosas tenham uma política de proteção da criança e procedimentos de apoio”, e que o governo legisle no sentido de que estas instituições passem a ser obrigadas a implementar essas políticas e sujeitas a inspeção.