Desafio e responsabilidade comuns

Relatório sobre abusos “também nos implica e afeta”, diz bispo da Igreja Lusitana

| 24 Fev 2023

bispo jorge pina cabral, foto osae

O bispo Jorge Pina Cabral considera que o relatório da Comissão Independente representa um desafio e um compromisso para todos “enquanto cidadãos e cristãos”. Foto © OSAE.

 

O relatório sobre os abusos sexuais de menores na Igreja Católica “naturalmente que implica também e diz respeito às outras Igrejas cristãs”, defende o bispo da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), Jorge Pina Cabral. Na sua homilia de Quarta-feira de Cinzas, o presidente do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) fez questão de lembrar que a Igreja é “una” e que “este mesmo drama dos abusos sexuais a crianças e adultos vulneráveis existiu e existe na Comunhão Anglicana”.

“Não somos mais nem menos pecadores do que os irmãos e irmãs de outras Igrejas. Não há Igrejas melhores do que as outras”, sublinhou na sua alocução. “É esta comunhão em Cristo enquanto povo de batizados que nos leva a acolher este relatório não como algo estranho à nossa Igreja, mas enquanto realidade que também nos implica enquanto Instituição eclesial”, afirmou Jorge Pina Cabral.

Para o bispo da Igreja Lusitana, o relatório da Comissão Independente criada pela Conferência Episcopal Portuguesa representa um desafio e um compromisso para todos “enquanto cidadãos e cristãos, dado que o problema da pedofilia e dos abusos sexuais é transversal à sociedade que somos e ocorre na família, na escola, no trabalho, no desporto e em muitas outras áreas da nossa vivência social”.

Além disso, assinalou, “trabalhar pela unidade dos cristãos” exige implicar-se nas realidades dos outros irmãos, “por muito exigentes e desafiantes que as mesmas se nos apresentem”.

“Necessitamos juntos de corrigir os nossos erros, de purificar as nossas intenções, de reconhecer o mal, de nos arrependermos e de chorarmos”, defendeu o presidente do COPIC, que considera que a quaresma “é o tempo propício a que tal aconteça”. Trata-se, pois, de “reconhecer não só os erros e pecados individuais e particulares, mas também os erros e pecados coletivos que ganham força e expressão quando sustentamos sistemas morais, religiosos, económicos e políticos assentes em valores e práticas que colocam em causa a dignidade de cada um e de todos enquanto família humana”.

Face ao contexto em que vivemos, esta quaresma “será sem dúvida uma quaresma sofrida e pesada”, afirmou o bispo. Uma quaresma “marcada pelo sofrimento que se expressa nos gemidos destes inocentes que corajosamente souberam dar ‘Voz ao silêncio'”, mas também “nos gemidos das vítimas da guerra na Ucrânia e de muitas outras guerras que assolam o mundo, no gemido da Criação de Deus que continua a sofrer uma exploração desenfreada provocada pela ganância humana e nos gemidos das vítimas dos desastres naturais na Síria e na Turquia”.

E terminou, deixando dois pedidos: “Nesta quaresma saibamos também ‘Dar voz ao silêncio’ ou se quisermos aos silêncios que carregamos e ainda nos impedem de ser quem somos. Saibamos também ‘Dar voz ao silêncio’ dos outros acolhendo os seus dramas e ouvindo as suas histórias”.

 

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção?

“A Lista do Padre Carreira” debate

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção? novidade

Os silêncios do Papa Pio XII durante aa Segunda Guerra Mundial “foram uma escolha”. E não apenas no que se refere ao extermínio dos judeus: “Ele também não teve discursos críticos sobre a Polónia”, um “país católico que estava a ser dividido pelos alemães, exactamente por estar convencido de que uma tomada de posição pública teria aniquilado a Santa Sé”. A afirmação é do historiador Andrea Riccardi, e surge no contexto da reportagem A Lista do Padre Carreira, que será exibida nesta quarta-feira, 31 de Maio, na TVI, numa parceria entre a estação televisiva e o 7MARGENS.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

JMJ realizou em 2022 metade das receitas que tinha orçamentado

A Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 obteve no ano passado rendimentos de 4,798 milhões de euros (menos de metade do previsto no seu orçamento) e gastos de 1,083 milhões, do que resultaram 3,714 milhões (que comparam com os 7,758 milhões de resultados orçamentados). A Fundação dispunha, assim, a 31 de dezembro de 2022, de 4,391 milhões de euros de resultados acumulados em três anos de existência.

Debate em Lisboa

Uma conversa JMJ “conectada à vida”

Com o objectivo de “incentivar a reflexão da juventude” sobre “várias problemáticas da actualidade, o Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (LA-CC), de Lisboa, promove a terceira sessão das Conversas JMJ, intitulada “Apressadamente conectadas à vida”.

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel

Revisão da lei aprovada

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel novidade

Há uma nova luz ao fundo da prisão para Ezequiel Ribeiro – que esteve durante 21 dias em greve de fome como protesto pelos seus já 37 anos de detenção – e também para os restantes 203 inimputáveis que, tal como ele, têm visto ser-lhes prolongado o internamento em estabelecimentos prisionais mesmo depois de terminado o cumprimento das penas a que haviam sido condenados. A revisão da lei da saúde mental, aprovada na passada sexta-feira, 26 de maio, põe fim ao que, na prática, resultava em situações de prisão perpétua.

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus”

30 e 31 de maio

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus” novidade

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) acolhe esta terça e quarta-feira, 30 e 31 de maio, o simpósio “Violence in the Name of God: From Apocalyptic Expectations to Violence” (em português, “Violência em Nome de Deus: Das Expectativas Apocalípticas à Violência”), no qual participam alguns dos maiores especialistas mundiais em literatura apocalíptica, história da religião e teologia para discutir a ligação entre as teorias do fim do mundo e a crescente violência alavancada por crenças religiosas.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This