
A última assembleia geral da RENATE realizou-se em Roma, em 2016. Foto © RENATE.
Começa este domingo, 13, e prolonga-se até à próxima sexta-feira a 3ª assembleia geral da Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração (RENATE). O encontro terá lugar em Fátima e reunirá cerca de cem religiosas dos 31 países da Europa onde a RENATE está presente. “Juntas em direção a 2030 – Acabar com tráfico – A caminho – Realizando o sonho – Um mundo livre de escravidão” foi o tema escolhido para inspirar as apresentações e trabalhos que serão desenvolvidos ao longo da semana.
Se este sonho é, de facto, concretizável até 2030? A irmã Julieta Dias, religiosa do Sagrado Coração de Maria e membro do núcleo coordenador da CAVITP (Comissão de Apoio às Vitimas do Tráfico de Pessoas), tem sérias dúvidas. “Eu gostava de dizer que sim, mas não me atrevo”, confessa ao 7MARGENS, enquanto ultima os preparativos para a assembleia. “Sobretudo com o mundo como está agora, com cada vez mais pessoas pobres, desempregadas, com fome, vulneráveis… Essas pessoas têm o sonho de encontrar uma vida melhor e são facilmente aliciadas pelos traficantes”, refere.
“Desde 2007 que, com a criação da CAVITP [membro da RENATE], nós trabalhamos para ver se erradicamos do mundo esta escravatura, mas sobretudo com as guerras tem-se intensificado muito o tráfico de pessoas, por isso não posso dizer que ele acabará até 2030”, lamenta a irmã Julieta Dias. “No entanto, acredito em milagres e acredito que quanto mais pessoas houver que tomem consciência desta problemática e deste horror que é reduzir as pessoas a mercadoria, e que denunciem, sensibilizem e façam a prevenção, mais perto estaremos de concretizar o sonho”.
Nesse sentido, a assembleia da RENATE tem um papel importante, considera a religiosa, “sobretudo porque nos permite partilhar e ficar a conhecer a situação de cada país e as respetivas formas de atuação”.
Para melhor dar a conhecer a realidade portuguesa, o programa do encontro prevê que, na quinta-feira, 17, os participantes vão até Lisboa visitar três instituições “que de alguma maneira estão ligadas à problemática do tráfico humano”, conta a irmã Julieta Dias. Serão elas a Associação O Ninho, a Obra Social das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor e o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS).
De regresso a Fátima, a assembleia termina na sexta-feira com um balanço da semana e o levantamento de ideias, receios e expetativas para os próximos cinco anos da RENATE.