
Sobreviventes da bomba atómica de Nagasaki, lançada a 9 de agosto de 1945, percorrendo as ruas da cidade nesse mês. Foto © National Archives at College Park, Public domain, via Wikimedia Commons.
“Apelo a todos os membros” do Parlamento japonês, “bem como aos membros dos conselhos municipais e provinciais” para que se “encontrem com os hibakusha (sobreviventes da bomba atómica), ouçam como eles sofreram, aprendam a verdade sobre o bombardeio atómico e transmitam o que aprenderem ao mundo”, escreve, na carta do Compromisso pela Paz lida durante as cerimónias dos 77 anos do ataque atómico sobre Nagasaki, por um dos seus sobreviventes, Takashi Miyata.
A carta pode ser lida em tradução inglesa no diário japonês The Mainichi de dia 9 de agosto e inclui uma crítica definitiva à teoria do equilíbrio atómico, desafiando o país “a declarar uma Zona Livre de Armas Nucleares do Nordeste Asiático, cumprir estritamente o Artigo 9 da sua Constituição e assinar e ratificar o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares” que entrou em vigor no ano passado.
Recordando a guerra na Ucrânia, Takashi Miyata escreve: “As sirenes de alerta de ataque aéreo que soaram na Ucrânia”, no dia 24 de fevereiro, “inspiraram-me o mesmo medo que aquela bomba atómica” de 9 de agosto de 1945 sobre Nagasaki. Um ataque tão impiedoso e indiscriminado lembra-me o bombardeamento atómico de há 77 anos, que causou o sofrimento de muitas pessoas inocentes”. Sim, “já se passaram 77 anos após a Segunda Guerra Mundial”, continua Miyata, “mas a Rússia deu a entender que usaria armas nucleares, expondo o mundo à ameaça de guerra nuclear. É algo que absolutamente não pode ser tolerado”.
O representante dos sobreviventes do ataque atómico sobre Nagasaki termina lembrando: “Os hibakusha viveram esses 77 anos superando o sofrimento e a dor. Continuaremos a perseverar e cooperar com a sociedade civil global, acreditando num futuro brilhante, esperançoso e livre de armas nucleares. Nesta nova era trazida pelo Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, prometemos comprometer- nos a transmitir os nossos desejos para a realização de um mundo livre de armas nucleares aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos.”