
Cardeal George Alencherry, arcebispo-mor e chefe da Igreja Siro-Malabar. Foto: El Debate
O Vaticano decidiu intervir no diferendo sobre a forma de celebrar a liturgia, que se têm vindo a registar na Igreja Siro-Malabar, na Índia, convocando uma reunião do Sínodo´, com carater de emergência para procurar resolver os problemas surgidos.
O arcebispo-mor e chefe da Igreja Siro-Malabar, cardeal George Alencherry, foi instruído pela Santa Sé para anunciar essa decisão, tendo o encontro sido convocado para junho, entre os dias 12 e 16.
Por detrás da decisão está um conflito surgido sobretudo na Arquidiocese de Ernakulam-Angamaly, depois de, em 2021, o Sínodo ter aprovado uma reforma litúrgica para a celebração da Eucaristia (designada ‘missa unificada’), que não foi aceite por um significativo setor de membros da Igreja, clero incluído.
Os problemas vêm já de há bastantes anos e foram reativados depois de a solução encontrada pelo Sínodo ter sido adotada. Nas vésperas do último Natal, registaram-se situações extremadas, que levaram ao encerramento da basílica dessa Arquidiocese, na sequência de incidentes entre grupos opostos no interior do próprio templo.
Segundo relata o site do jornal Matters of India, depois da reforma aprovada, registou-se alguma resistência inicial nas 35 dioceses da Índia, mas todas acabaram por adotar a nova fórmula com exceção da de Ernakulam-Angamaly, que a rejeitou. A questão é que esta diocese representará uns 10 por cento dos 5 milhões de católicos da Índia e chegou ao ponto de recusar a nomeação do arcebispo que o Vaticano nomeou como administrador apostólico.
Padres e leigos exigem do Vaticano poder continuar a celebrar segundo o ritual anterior, enquanto ‘variante’ da versão aprovada.
Sabe-se que o cardeal-arcebispo esteve em Roma recentemente, em reuniões no Dicastério para o Culto Divino e com o próprio secretário de Estado do Vaticano. Em visita aparentemente paralela estiveram igualmente no Vaticano membros permanentes do Sínodo da Igreja Siro-Malabar (estrutura canónica de representação). Terá sido na sequência desses vários encontros, e perante o risco de um cisma, que o Vaticano entendeu intervir.