
O padre Roberto Malgesini era como “um pai” para os mais pobres, afirma o bispo de Como, Oscar Cantoni. Foto: Comunidade de Sant’Egídio.
Um “mártir da caridade”: é assim que o Papa define Roberto Malgesini, o padre assassinado na manhã de terça-feira, 15 de setembro, na cidade de Como (Lombardia, norte de Itália). Foi a ele “e a todos os padres, freiras, leigos, leigas que trabalham com pessoas necessitadas e descartadas pela sociedade” que dedicou as suas últimas palavras, antes de se despedir da pequena multidão que acompanhou a audiência geral desta quarta-feira.
“Uno-me à dor e à oração dos seus familiares e da comunidade de Como e, como disse o seu bispo, louvo a Deus pelo seu testemunho, isto é, pelo martírio, desta testemunha da caridade para com os mais pobres“, afirmou Francisco, citado pelo Vatican News.
O corpo do padre Roberto foi encontrado na manhã de terça-feira, pelas 7 horas, nas proximidades da paróquia de San Rocco, no centro de Como, onde trabalhava desde 2008.
Apresentava numerosos ferimentos de faca, e um deles, fatal, no pescoço. Segundo uma reconstrução inicial feita pelos investigadores, o padre Roberto estaria a iniciar a sua habitual ronda de distribuição de refeições quando encontrou o assassino à sua espera: um sem-abrigo que já conhecia, com quem aparentemente tinha bom relacionamento e a quem prestava assistência regularmente. Devido à falta de testemunhas, as circunstâncias em que ocorreu o assassinato são ainda desconhecidas, mas sabe-se que o sem-abrigo em questão sofria de perturbações mentais.
Muitos dos pobres a quem diariamente dava assistência foram ao local para prestar uma última homenagem, perplexos com o sucedido, pois era considerado como um pai. “Para os pobres, ele foi realmente um pai”, diz o bispo da diocese de Como, Oscar Cantoni, em entrevista ao Vatican News. “Um padre que sempre esteve ao lado das pessoas em dificuldade, tímido e despojado, nunca deixou de dar apoio aos que encontrava no seu caminho, com constância e parcimónia, ao serviço de toda forma de fragilidade humana”.
Para si, como bispo, o padre Roberto era, por outro lado, como um filho: “Sim, era como um filho e encontrávamo-nos com frequência. Ele falava-me da sua atividade, revelando as mais belas realidades, porque exercia este seu ministério com alegria. Uma vocação dentro da vocação”, explica. E conclui: “Era um homem e um sacerdote feliz porque descobriu que uma maneira de seguir Jesus era encontrá-lo na sua carne viva: os pobres”.