RSF denuncia “as cinco maiores prisões de jornalistas do mundo”

| 16 Dez 2020

Zhang Zhan, blogger e jornalista crista, cristã, China, covid-19, Wuhan

Zhang Zhan, blogger e jornalista cristã, presa e em greve de fome, por ter denunciado a má gestão da resposta à covid-19 em Wuhan (China): a RSF diz que aumentou quatro vezes o número de jornalistas presos por causa da cobertura da pandemia. Foto: Direitos reservados

 

O número de jornalistas mulheres presas no mundo em 2020 cresceu 35 por cento relativamente a 2019, segundo o relatório deste ano da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que acaba de ser publicado. O número total de jornalistas detidos ao longo do corrente ano eleva-se a 389.

Perto de dois terços dos profissionais do jornalismo que se encontram privados de liberdade concentram-se em cinco países: República Popular da China, Egito, Arábia Saudita, Vietname e Síria. Este grupo de países repete um quadro que já se tinha verificado em 2019 – o de ser o grupo das “cinco maiores prisões de jornalistas do mundo”, segundo a RSF.

As jornalistas mulheres aprisionadas tinham sido 31 no ano passado, passando agora para 42, numa lista em que se destaca a Bielorrússia (onde a repressão recrudesceu desde a eleição presidencial de agosto), o Irão e a China.

O relatório da RSF faz notar ainda que, entre março e maio, os primeiros meses da pandemia, o número de detenções e interpelações arbitrárias de jornalistas aumentou quatro vezes. Na atualidade, pelo menos 14 jornalistas detidos no quadro da cobertura da epidemia continuam ainda atrás das grades. Estes dados confirmam que uma parte destes profissionais “pagam com a liberdade a busca da verdade” e que as mulheres jornalistas, cada vez mais numerosas na profissão, não são poupadas pela repressão.

 

Chinesa presa e torturada em greve da fome

Um caso que ilustra este panorama repressivo refere-se à blogger chinesa Zhang Zhan que mostrou ao mundo as consequências do surto epidémico da covid-19 na cidade de Wuhan e denunciou o modo como as autoridades locais estavam a gerir a situação. Segundo informações do seu advogado, encontra-se em precárias condições de saúde, em resultado da tortura de que tem sido vítima na prisão.

Zhan, de 37 anos, encontra-se detida desde 15 de maio na prisão de Pudong, em Xangai, ainda que o facto apenas tenha sido divulgado pelas autoridades mais de um mês depois. Foi acusada e condenada a cinco anos de prisão por alegadamente ter disseminado “fake news” e ter destacado situações problemáticas que terão originado sobressalto público. A blogger negou os factos de que se encontra acusada e iniciou em setembro uma greve de fome.

O seu advogado, que a visitou já este mês, escreveu que a cliente denotava marcas na boca e no nariz, resultado, segundo Zhan, dos esforços dos guardas prisionais de a alimentar à força. Para a impedir de retirar os tubos, foi acorrentada e amarrada à cama em permanência, o que lhe tem provocado tonturas, enxaquecas e dores em diversas partes do corpo.

A sua fé cristã leva-a a tomar esta greve da fome como um “jejum de oração”, o que leva familiares, amigos e colegas ativistas a temer que ela leve a luta até às últimas consequências.

Segundo o seu advogado, citado na UCA News, o adiamento da audiência deixou Zhan desesperada, mas ela disse-lhe que continuaria a orar e meditar. “A palavra de Deus pode confortar-me”, disse ela.

 

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