[O flagelo que não acaba – XIII]

Rupnik já não é o protegido

| 9 Nov 2023

Marko Ivan Rupnik, Arte, Inferno, Fátima, Basílica da Santíssima Trindade

Visão do inferno no painel do altar da Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima. Obra da autoria do padre Marko Ivan Rupnik, que está a ser acusado de abusos. Foto © António Marujo/7Margens

 

Quando o caso Rupnik se tornou público no início de Dezembro do ano passado, ouvimos declarações de alguns altos representantes da Companhia de Jesus que se apressaram a sublinhar, e passo a citar: “Em primeiro lugar, não há menores envolvidos. Por outras palavras, trata-se de problemas entre adultos.” Em suma, dá-se a entender que aqui, neste caso, não aconteceu nada.

Desde então, temos assistido a acontecimentos que levaram as vítimas a encontrarem-se cada vez mais abandonadas à sua sorte, até que, no final de Setembro passado, assistimos ao que acreditávamos ser impossível: o cardeal Angelo Donatis, vigário geral da diocese de Roma, assinava um documento que deixava Rupnik imaculado e, portanto, impune.

Publiquei um artigo intitulado Rupnik, o protegido, porque essa era a realidade. Agora isso mudou. Rupnik já não é o protegido. Francisco levantou a prescrição para que se leve a cabo um novo processo.

Esperança para as vítimas; esperança para refazer um sistema que demonstra ter demasiadas falhas; esperança para uma Igreja que necessita ser reconhecida pela misericórdia e pela compaixão; esperança em poder iniciar processos de perdão e reconciliação.

Esperança de que todas as partes envolvidas reflitam porque, embora os abusos se deem entre adultos, não são um affair; esperança em que se incremente a atenção nos processos de seleção de candidatos e durante a formação porque, mesmo especialistas em acompanhamento, podem deixar passar um lobo inadvertidamente; e esperança também de que Rupnik receba os cuidados psiquiátricos e espirituais de que necessita.

O caso Rupnik também deveria marcar uma nova era na atenção às vítimas e fazer-nos reflectir sobre a necessidade de que não haja prescrição para qualquer tipo de abuso. Seja de que tipo for.

 

Cristina Inogés Sanz é teóloga e integra a comissão metodológica do Sínodo da Igreja Católica. Este texto foi inicialmente publicado na revista Vida Nueva. Tradução de Júlio Martin.

 

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