
No que diz respeito a salários, a preocupação não pode ser apenas subir o saláriom mínimo sem subir o salário média também. Foto © DR
A Comissão Nacional Justiça e Paz divulgou, no final da conferência com o mesmo tema que organizou em Lisboa, um manifesto onde pede que todos os trabalhadores possam ter “salários que permitam superar a pobreza e promover a realização integral de cada pessoa e de cada família”. “Verificamos como o salário que recebem muitos trabalhadores portugueses não lhes permite, a eles e suas famílias, superar uma situação de pobreza enquanto privação de recursos necessários a uma vida condigna no contexto social atual. Isso verifica-se em grande número de trabalhadores que auferem o salário mínimo, sendo que o salário médio também não se distancia muito deste. Mudar esta realidade o mais rapidamente possível deverá ser um objetivo prioritário que mobilize as empresas, a sociedade civil e as autoridades políticas”, assinala o manifesto «Salários justos contra a pobreza», enviado à Agência ECCLESIA.
Pedro Vaz Patto, na apresentação do documento, assinalou o manifesto como um “sinal de uma unidade” entre empregadores e trabalhadores, que na preparação da Conferencia foi iniciado. “Não é um ponto de chegada mas de caminho, que pretendemos que tenha efeitos práticos. O manifesto não é apenas uma publicação, mas esperamos que tenha repercussão pública”, sustenta.
O manifesto “aplaude” todos os esforços e políticas que evitem desigualdades de níveis salariais, uma vez que se verifica “situação de baixos salários” a coexistir com “outros muito elevados, gerando acentuadas desigualdades socialmente injustas”.
Na mesma conferência, o professor e investigador José António Pereirinha indicou o aumento de 27% no salário mínimo de uma pessoa singular para atingir um “patamar digno” e apontou a necessidade de se falar em “salários justos”. “Para uma pessoa singular, o salário [mínimo] deveria ter um aumento de 27% para se alcançar um patamar digno. Para pessoas com situações familiares o aumento regista-se nos 14%”, precisou o professor de Economia do Bem-Estar e Economia Pública, na Universidade de Lisboa.
Já Américo Monteiro, dirigente da Liga Operária Católica, lamentou a falta de diálogo para as condições da contratação coletiva, com consequências nos baixos salários dos trabalhadores. “Não havendo contratação coletiva com qualidade, os trabalhadores estão com salários cada vez mais baixos. O salário mínimo tem subido – tem sido considerável, mas não quer dizer que seja bom porque há muita gente dos meios operários com as tabelas mais juntas, e ficam todos com o salário mínimo nacional”, alertou o responsável pelos trabalhadores cristãos, na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz.