
Igreja de Xishiku em Pequim, China. Foto © Gene Zhang no Flickr, via Wikimedia Commons.
A Santa Sé tornou público este sábado um raro comunicado de crítica ao Governo da República Popular da China, motivado pela notícia da instalação de um bispo, na última quinta-feira, num quadro normativo fora do acordo estabelecido entre as duas partes há quatro anos e renovado há cerca de um mês.
No centro deste caso está o bispo João Peng Weizhao que, segundo escreve o jornal digital católico Crux, foi nomeado clandestinamente bispo da Diocese de Yujiang, pelo Papa Francisco em 2014. O prelado foi mais tarde preso durante seis meses pelo regime chinês. Acabou por ser libertado, mas a sua ação passou a ser controlada de perto pelas autoridades do país.
O que se passou foi que, em 24 de novembro, ele reapareceu a ser instituído bispo da diocese de Jiangxi, que Roma não reconhece, numa cerimónia com organizações católicas reconhecidas pelo lado chinês.
Segundo o AsiaNews, cerca de 200 pessoas participaram na cerimónia, realizada em Nanchang, a qual foi presidida pelo bispo local, John Baptist Li Suguang, que é vice-presidente da Conferência Episcopal Católica Chinesa, que também não é reconhecida por Roma.
No comunicado publicado este sábado pela sala de imprensa da Santa Sé, manifesta-se “surpresa e pesar” pela notícia da “cerimónia da instalação”, e afirma-se que “tal evento, de facto, não ocorreu de acordo com o espírito de diálogo existente entre a Parte Vaticana e a Parte Chinesa e conforme o estipulado no Acordo Provisório sobre a Nomeação de Bispos, [assinado] em 22 de setembro de 2018”.
“A Santa Sé espera que episódios semelhantes não se repitam, permanece na expetativa de comunicações credenciadas por parte das autoridades e reafirma a sua total disponibilidade para continuar o diálogo respeitoso sobre todos os assuntos de interesse comum”, acrescenta o comunicado.
Comentando esta situação, a jornalista Cindy Wooden, que acompanha assuntos do Vaticano refere, na peça do Crux, que é a primeira vez que o Vaticano vem a público criticar a China por causa de um acordo que tem causado polémica, dentro e fora da Igreja Católica.