
“A paz exige também o reconhecimento universal da liberdade religiosa”, disse o arcebispo nigeriano Fortunatus Nwachukwu, durante o 52º Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Foto © UN Geneva.
“Um em cada sete cristãos sofre perseguições hoje”, alertou o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, arcebispo Fortunatus Nwachukwu, no discurso que proferiu esta terça-feira, 21 de março, em Genebra, durante a 52ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Em nome da Santa Sé, Nwachukwu, recentemente nomeado pelo Papa como secretário do Dicastério para a Evangelização, quis trazer à atenção internacional “a situação de muitas pessoas e comunidades que sofrem perseguições por causa das suas crenças religiosas”.
O arcebispo citou as palavras do Papa: “A paz – disse – exige também o reconhecimento universal da liberdade religiosa. É preocupante que as pessoas sejam perseguidas apenas porque professam publicamente a sua fé, e em muitos países a liberdade religiosa é limitada. Cerca de um terço da população mundial população vive nestas condições”, alertou.
“Nos últimos anos, assistimos à intensificação das medidas repressivas e dos abusos, também por parte das autoridades nacionais, contra as minorias religiosas em muitos países do mundo”, acrescentou o representante do Vaticano. “Muitas vezes, é negado aos crentes o direito de expressar e praticar a própria fé, mesmo quando isso não coloque em risco a segurança pública ou viole os direitos de outros grupos ou indivíduos”. Além disso, afirmou ainda, “a profanação e destruição de locais de culto e locais religiosos, bem como ataques violentos contra líderes religiosos, aumentaram recentemente e estão a tornar-se assustadoramente mais comuns.”
Não menos preocupante, segundo Nwachukwu, é “a condição dos crentes em alguns países onde, por trás da fachada de tolerância e inclusão, a discriminação é perpetrada de forma mais subtil e insidiosa”. O arcebispo nigeriano referiu que “num número crescente de países, assistimos à imposição de várias formas de censura que reduzem a possibilidade de expressar as próprias convicções tanto pública quanto politicamente, sob o pretexto de evitar ofender a sensibilidade alheia”. Desta forma, disse o prelado, “perde-se muito espaço para um diálogo saudável e também para o discurso público. À medida que este espaço diminui, também diminui a nossa capacidade de expressar o direito fundamental à liberdade religiosa, bem como a liberdade de pensamento e de consciência, que são também um requisito indispensável para alcançar a paz e construir uma sociedade justa”.
Recordando novamente os fortes apelos do Papa, o núncio sublinhou assim que “não devemos esquecer que a violência e os atos de discriminação contra os cristãos estão a aumentar também em países onde estes não são uma minoria. A liberdade religiosa também está em perigo onde os crentes veem limitada a sua capacidade de expressar as suas crenças na vida da sociedade em nome de uma concepção errónea de inclusão”. E concluiu, lembrando que “os governos têm o dever de proteger este direito e garantir que cada pessoa, de maneira compatível com o bem comum, goze da possibilidade de agir segundo a sua consciência, mesmo na esfera pública e no exercício da própria profissão de fé”.