Papa regressou a Roma e fez avaliação dupla sobre abusos

Sejam “surfistas do amor”!

| 6 Ago 2023

O Papa Francisco ao chegar ao encontro com os voluntários, na tarde deste domingo. Foto © António Pedro Santos/Lusa/Pool JMJ. 

 

O Papa Francisco despediu-se dos voluntários da Jornada Mundial da Juventude e da própria JMJ Lisboa 2023 com uma curta incursão nas ondas da Nazaré: “Como muitos de nós sabemos, a norte de Lisboa existe uma vila, a Nazaré, onde se podem admirar ondas que chegam a atingir trinta metros de altura e que são uma atração mundial, especialmente para os surfistas que as desafiam”, afirmou.

“Nestes dias, também vós enfrentastes uma verdadeira onda; não de água, mas de jovens, jovens como vós, que inundaram esta cidade. Mas, com a ajuda de Deus, com muita generosidade e apoiando-vos mutuamente, enfrentastes esta grande onda. Obrigado, obrigado!”, disse o Papa naquele que foi o seu último encontro e o último discurso em Portugal. “Quero dizer-vos que continuem assim, que continuem a surfar as ondas do amor, as ondas da caridade, que sejam ‘surfistas do amor’!”

Essa é a “tarefa” que o Papa confia aos cerca de 25 mil voluntários que estiveram na JMJ Lisboa 2023 e se concentraram neste domingo á tarde no passeio Marítimo de Algés: “Que o serviço que prestastes a esta Jornada Mundial da Juventude seja a primeira de muitas ondas de bem; e de cada vez sereis levados cada vez mais alto, mais perto de Deus, e isso permitir-vos-á ver o vosso caminho de uma perspetiva melhor.”

O Papa acrescentou que a JMJ “faz parte duma história que a precede e a segue” e que a boa preparação e o que sucedeu “tornaram possível estes dias inesquecíveis”.

Francisco acrescentou que os voluntários correram, mas “não numa corrida frenética e sem meta que às vezes caracteriza o nosso mundo; esse tipo de corrida não leva ao encontro com os outros, podendo até tornar-se uma fuga das relações”. E disse ainda que o “encontro mais belo, o motor de todos os outros, aquele que faz a vida avançar é o encontro” com Jesus, respondendo aos testemunhos de três voluntários das Jornada: Clara, Francisco e Filipe – que falaram de “um encontro especial com Jesus”.

“Para pôr ordem na vida, não servem as coisas, as distrações e o dinheiro; o que serve é dilatar o coração, ampliá-lo abrindo-o ao amor”, disse ainda. A JMJ, afirmou, “continua amanhã, em casa, na paróquia, na escola e na universidade, levando por diante a caminhada de grupo juntamente com os outros e dando testemunho!”

 

Abusos: o que deve acontecer com quem sabia

Já no avião de regresso a Roma, o Papa foi questionado por um jornalista português sobre se tinha conhecimento do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa e o que deve acontecer com os bispos que sabiam de casos de abuso e não os comunicaram às autoridades.

“Os pastores que, de alguma forma, não assumiram essa responsabilidade, têm de assumir essa irresponsabilidade. Depois ver-se-á de que modo, em cada um deles, mas é muito duro o mundo dos abusos”, afirmou Francisco, a bordo do avião que o transportou de Lisboa, onde presidiu à Jornada Mundial da Juventude, para Roma.

Citado pela Lusa, por sua vez reproduzida no Sapo24, o Papa lembrou que cerca de “42% dos abusos acontecem nas famílias”, sustentando que “ainda é preciso amadurecer e ajudar, para que se descubram essas coisas”. E pediu ainda a  ajuda aos jornalistas para que “todos os tipos de abusos sejam resolvidos”, notando que o abuso sexual de menores não é o único. O trabalho infantil, o abuso das mulheres e a mutilação genital feminina.

“Dentro do abuso sexual, que é grave, há uma cultura do abuso que a humanidade tem de rever e converter-se”, defendeu.

Francisco recebeu na quarta-feira um grupo de 13 vítimas de abusos na Igreja portuguesa. Conforme uma pessoa que acompanhou contou ao 7MARGENS, o Papa pediu perdão a cada uma das vítimas presentes.

Os pormenores do encontro “muito emotivo” do Papa com 13 vítimas de abusos

 

 

Numa outra perspectiva, o Papa considerou ainda que a hierarquia católica em Portugal tem gerido com “seriedade” a crise dos abusos sexuais de menores, recordando o seu encontro com vítimas, na última quarta-feira.

“Sobre a sua pergunta, como vai o processo na Igreja portuguesa, vai bem e com serenidade. Procura-se a seriedade nos casos dos abusados. Os números, às vezes, acabam por ser empolados, pelos comentários, e isso custa-nos sempre, mas a realidade é que está a ser bem conduzido e isso dá-me uma certa tranquilidade”, disse, na mesma ocasião.

“Como vocês sabem, de forma muito reservada, recebi um grupo de pessoas que foram abusadas [quinta-feira, na Nunciatura Apostólica], e, como faço sempre nestes casos, dialogamos sobre esta peste, esta tremenda peste”, referiu ainda.

“Falar com pessoas abusadas é uma experiência muito dolorosa, que também me faz bem, não porque me dê gozo escutar, mas porque me ajuda a assumir a responsabilidade desse drama”, afirmou, em resposta aos jornalistas.

Francisco pediu ainda a ajuda desta classe profissional para denunciar o abuso sexual de menores no mundo digital. Este é como “devorar” a vítima, considerando-o pior, por “feri-la e deixá-la viva”. Também a organização da JMJ Lisboa 2023 lhe mereceu uma referência elogiosas: ela foi a Jornada “mais bem preparada” que viu.

 

Na primeira nação cristã do mundo, está a acontecer o segundo genocídio

Nagorno-Karabakh

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Não é algo que se costume referir quando se fala da Arménia, mas sem dúvida que é uma informação importante para compreender o que se passa no enclave de Nagorno-Karabakh (internacionalmente reconhecido como parte do Azerbaijão, mas governado de facto por arménios desde o colapso da União Soviética): trata-se da primeira nação do mundo a ter adotado o cristianismo como religião de Estado, no início do século IV. E o enclave, ao qual os habitantes locais chamam Artsakh, é o território ancestral de 120 mil pessoas, dos quais 98% são arménios cristãos, e lar de inúmeras igrejas e mosteiros que estão entre os mais antigos do mundo.

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Breves

 

Vaticano anuncia

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“Alegres na esperança” (cf. Rm 12, 12) e “Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar” (cf. Is 40, 31) são os temas escolhidos pelo Papa Francisco para as duas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) que serão celebradas nas Igrejas particulares em 2023 e 2024, por ocasião da solenidade de Cristo Rei. O anúncio foi feito esta terça-feira, 26 de setembro, pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e divulgado pelo Vatican News.

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Editorial

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Que espero do Sínodo católico? (2)

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No Cristianismo o calendário litúrgico é uma importante ferramenta para organizar e estruturar os eventos e celebrações religiosas ao longo do ano, com base em acontecimentos significativos dos Evangelhos, dos santos e da história das igrejas locais e universais. Na ortodoxia o ano litúrgico inicia-se a 1 de Setembro, tendo como primeira festa, a 8 do mesmo mês, a Natividade da Virgem Maria (Esta comemoração é como uma fonte para celebrar todas as festas do Senhor abrindo a história do Evangelho – Metropolita Epifânio).

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