Igreja Católica em França

Sínodo: Bispos franceses mais “macios” que as suas dioceses

| 16 Jun 2022

Bispos franceses reunidos numa celebração. Foto retirada do site oficial da Conferência Episcopal Francesa.

Bispos franceses reunidos numa celebração. Foto retirada do site oficial da Conferência episcopal francesa.

 

Os bispos católicos franceses aprovaram, na sua assembleia extraordinária dos passados dias 14 e 15, um documento breve que vai acompanhar a síntese das sínteses diocesanas, em que destacam as “perspetivas, esperanças, ausências e aprendizagens” feitas na primeira fase do processo sinodal. Ainda que ecoe anseios constantes da síntese, as palavras dos bispos parecem distantes do vigor que lhes chegou das dioceses.

Reunidos em Lyon, os bispos trabalharam, no primeiro dia, com mais de uma centena de convidados de todas as dioceses, para “discernir a obra do Espírito Santo”, na escuta e tomada da palavra dos grupos paroquiais, de associações e movimentos e de ordens religiosas. 

Escutando as palavras do presidente da Conferência dos Bispos de França (CEF, no acrónimo francês), fica a ideia de que o documento que estava previamente preparado, como base do discernimento, acabou por ser abandonado, para ser refeito na noite do primeiro para o segundo dia.

O texto apresentado no final dos trabalhos começa por uma primeira nota: “Não ignoramos – diz o texto – as deficiências, as lutas e as feridas que se revelam no caminho sinodal e estamos conscientes de que o processo sinodal não chegou a todo o povo de Deus na sua diversidade, em particular às gerações mais jovens.”

No que respeita às perspetivas, a Conferência dos Bispos de França (CEF, no acrónimo francês) acolhe as expetativas que foram expressas na consulta às dioceses e assume que elas “apontam as linhas prioritárias de trabalho” a seguir. 

Entre os pontos mais salientes, a CEF regista “o sofrimento e as expectativas das mulheres na Igreja, na medida em que há muitas delas nos corpos eclesiais”; escuta “a preocupação expressa relativamente aos padres e as condições de exercício do seu ministério”; compreende “a aparente discrepância entre o que é o ministério dos sacerdotes e o que se espera concretamente deles”; e deseja “identificar melhor as razões pelas quais a liturgia continua a ser um lugar de tensões recorrentes e contraditórias”. 

As esperanças suscitadas pelo trabalho sinodal vão no sentido de a sinodalidade se tornar “o estilo normal da vida da Igreja”; que as comunidades “aprendam a caminhar em sintonia com os menores [referem-se às crianças] e os mais pobres e que sua participação se torne o timbre da fraternidade”; que “a diversidade ou complementaridade de missões, carismas e dons na Igreja seja fonte de alegria e não de competição”;  e que seja seja mais “reconhecida e vivida a complementaridade dos estados de vida: ministros ordenados, casados, viúvas e viúvos, celibatários e consagrados”. 

No que diz respeito às ausências que os bispos e os seus convidados detetaram na síntese das sínteses das dioceses, surge em primeiro lugar “a missão”, um dos três termos centrais do Sínodo (ao lado da participação e da comunhão). Isso leva-os a propor a necessidade de “ouvir outros apelos, menos expressos ou relatados, mas urgentes, onde os cristãos têm um testemunho a dar: os grandes desafios da sociedade, os vários modelos antropológicos propostos, a ecologia integral, a solidariedade internacional”.

Ainda no relativo a ausências, a CEP pergunta-se por que é que “certas riquezas espirituais cristãs são ignoradas ou desvalorizadas, por exemplo, a Eucaristia como sacrifício de Jesus, os sacramentos, a vida consagrada, o celibato dos sacerdotes, o diaconato”. Nota também que “a família como lugar de aprendizagem da fraternidade não é mencionada”. 

O interconhecimento de outros movimentos e associações de fieis e a estima recíproica são apontados como aprendizagens que o trabalho sinodal já proporcionou, nesta primeira fase.

Percebemos um sinal de esperança na capacidade do povo de Deus de entrar em diálogo construtivo e intransigente sobre assuntos difíceis. Temos que especificar quais devem ser os ministérios leigos para as nossas Igrejas particulares – ministérios reconhecidos e ministérios instituídos”, afirmam a este propósito. 

Acerca dos desejos, sonhos, mágoas e censuras que ouviram, os bispos entendem que elas “se nutrem do desejo de ser uma Igreja mais fiel ao seu Senhor e de servir melhor as mulheres e os homens a quem é enviada”. 

“Queremos continuar este caminho de conversão comunitária e pessoal”, rematam os responsáveis dos católicos franceses. 

 

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