Na véspera da reunião da Assembleia-Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, o 7MARGENS convida os seus leitores a dizerem o que esperam deste importante acontecimento. Todos são chamados a expressarem-se. Divulgamos hoje sétimo texto (ver textos já publicados).
Tenho a perceção que o mesmo irá decorrer no seio de uma Igreja Católica dividida. Dividida entre progressistas e conservadores. Dividida entre ecuménicos e aqueles que querem uma Igreja menos permeável e, se necessário, mais radical para combater outras confissões, outras religiões e costumes que consideram moralmente reprováveis. Dividida entre aqueles que querem uma Igreja mais humana, mais próxima dos que precisam e mais perto da vivência quotidiana, ao invés daquela que se apresenta mais recolhida no seu mundo, mais burocrática e dogmática. Dividida entre uma Igreja que opta pelos pobres, pelos desvalidos e pelos excluídos ao contrário de um Igreja que opta pelas elites e seus poderes. Dividida entre uma Igreja que quer justiça pelos abusos e erros cometidos pelos que a representam, contra outros que preferem a opacidade.
Enfim, e quanto a mim, será esta Igreja em diálogo e em confronto que estará no Sínodo, procurando os consensos e equilíbrios possíveis para se manter unida, mas não uniforme, sem cisma, para fazer face aos desafios de um mundo que não sabe para onde vai e que a falências das suas doutrinas políticas poderão dar espaço à ocupação de outras que poderão culminar em teocracias.
Assim sendo, a minha expectativa sobre este Sínodo será a evolução na continuidade: uma Igreja que continuará dividida entre aqueles que ficarão meio contentes com as reformas e meio descontentes com as que ficaram pelo caminho à espera de um belo dia.
Por último, importa recordar que a Igreja nunca foi monolítica e ao longo da sua História sempre esteve presente, quer se concorde, ou não, pelo que tenho a esperança que o Papa Francisco deixará um Bom legado a TODOS. TODOS. TODOS. Que o saibamos aproveitar.
Paulo Rodrigues é gestor.