
Foto © Flavio Gasperini/SOS Mediterranée
O navio da organização humanitária SOS Mediterranée, Ocean Viking, teve de esperar semana e meia com cerca de 300 pessoas resgatadas do mar, algumas delas em situação de risco, até que lhe fosse designado o porto onde ancorar.
Segundo refere a newsletter da organização, desde que as operações foram iniciadas, nunca tinha sido necessário esperar tanto tempo para levar os sobreviventes para terra.
Apenas na noite deste domingo, 29, chegou a indicação do porto de Pozzalo, no sul da ilha da Sicília, situada em frente à bota da península da Itália, para desembarcar os 297 sobreviventes, incluindo 23 mulheres e 49 crianças.
A SOS Mediterranée refere que a espera em alto mar foi de tal forma “insuportável”, que “até levou um homem desesperado [a atirar-se] para a água no domingo de manhã”, tendo sido de imediato recolhido pela equipa de salvamento.
Nos dias anteriores, também haviam ocorrido duas evacuações médicas para uma pessoa gravemente ferida e uma mulher grávida com o marido. “É inaceitável que estas pessoas enfrentem tal desrespeito pelos seus direitos”, salienta a organização humanitária.
Numa newsletter anterior, datada de 20 de maio, a tripulação do Ocean Viking relatou que as equipas presenciaram “uma situação mais uma vez inconcebível”: seis mulheres grávidas, todas em diferentes fases da gravidez, foram resgatadas em mar aberto com outras 152 amontoadas em dois barcos à deriva.
“Para proteger a vida dos filhos ainda em gestação, essas mulheres arriscaram a sua própria vida”. Segundo os primeiros testemunhos, teriam permanecido quase nove horas no mar em duas tinas compostas por tubos insufláveis e tábuas pregadas. O seu objetivo: “Fugir, a qualquer preço, do inferno da Líbia”, explicava.