Taizé e os jovens: uma experiência que marca

Taizé: o apelo ao essencial cativa os jovens. Foto: Direitos reservados
Ao longo dos anos em que tenho participado nos encontros de Taizé, no âmbito da minha docência na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, acompanhando e partilhando esta experiência com algumas centenas de alunos, tenho-me interrogado acerca do que significa aquilo a que chamamos “espiritualidade de Taizé” – que, no meu entender, é o que leva, ano após ano, milhares de jovens, a maioria repetidas vezes, à colina da pequena aldeia da Borgonha (França).
Quatro palavras, que são, ao mesmo tempo, modos de viver a vida, sobressaem nas reflexões dos jovens: simplicidade, comunhão, silêncio e oração.
A simplicidade manifesta-se na frugalidade da alimentação, na essencialidade das estruturas de apoio e principalmente na relação dos irmãos com os jovens. Este apelo ao essencial cativa os jovens, “intoxicados” pela vida que habitualmente levam, mediatizada, sempre online, cheia de estereótipos sociais, de superficialidade nas relações, na inversão dos valores que realmente importam.
A comunhão faz com que milhares de jovens de geografias, comunidades e culturas tão diferentes, se entendam, sem problemas de língua, porque é com o coração que falam uns com os outros e essa linguagem é universal. Fazem comunhão, quando percebem e aceitam que todos os trabalhos que são convidados a realizar se destinam a toda a comunidade, num sentido fraterno, de que todos estão dependentes de todos e a todos compete contribuir para o bem da comunidade.
Quando, na oração da noite dos sábados, naquela que nós chamamos oração da luz, os milhares de jovens, cada um com uma pequena vela na mão, a acende, a partir do círio pascal, passando a luz de mão em mão, assiste-se a um momento maravilhoso, de comunhão, que a luz de Deus a todos irmana e ilumina.
A grande maioria dos jovens fala do silêncio como uma das mais maravilhosas experiências que Taizé lhes revela. Vivendo vidas ruidosas, exterior e interiormente, eles encontram, nestes longos momentos de silêncio, tempo para pensarem nas suas vidas, nas suas relações com os outros, nos seus projetos de vida. Muitos descobrem, nestes momentos, sentido e orientação para a sua existência. E disso dão testemunho, tantas vezes emocionado.
A oração pauta toda a vida de Taizé. Marca os tempos, foca a atenção dos jovens na essência de Taizé: o encontro com Deus. É sempre espantoso como os jovens, à medida que os dias vão passando, vão aderindo com mais profundidade às orações. De tal modo que muitos ficam na Igreja da Reconciliação, muito para além do tempo das orações comunitárias. Quando nas sextas-feiras, na oração da noite, os jovens são convidados a ajoelhar junto do ícone da cruz e, de fronte colada a ela, têm um encontro com Deus, falando-Lhe das suas angústias, dos seus problemas, dos seus anseios e das suas alegrias, apelando à misericórdia de Deus para eles e para quem amam, assiste-se a um maravilhoso momento de entrega, de interpelação pessoal, que os marca para a vida inteira.
Como tão bem definiu S. João Paulo II, “passa-se por Taizé como se passa por uma fonte. O viajante pára, mata a sede e segue caminho”. Taizé sacia essa sede comum a todos os jovens. Talvez seja esse o verdadeiro espírito de Taizé.
Dina Pinto é professora de Educação Moral e Religiosa Católica em Bragança
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