
Meninas em escola no Afeganistão. Todas estão proibidas pelo regime Talibã de frequentar o ensino universitário, e a restrição parece ter-se estendido àquelas que pretendem estudar fora do país. Foto © Pixabay.
Depois de, em dezembro de 2022, os Talibã terem proibido as raparigas de frequentar o ensino universitário no Afeganistão, perto de cem jovens afegãs terão obtido bolsas de estudo através de uma empresa nos Emirados Árabes Unidos para estudarem na Universidade do Dubai. Mas pelo menos 60 destas raparigas foram já impedidas de sair do país, avança a cadeia de notícias BBC.
As autoridades talibã proibiram igualmente que as mulheres viajem sozinhas e só autoriza a sua saída do país quando acompanhadas pelo marido ou outro familiar do sexo masculino. No entanto, mesmo jovens que se faziam acompanhar desse familiar foram detidas no aeroporto por funcionários do Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, ao apresentarem os seus vistos de estudante.
Para Heather Barr, especialista em direitos das mulheres da Human Rights Watch citada pela BBC, “este é um passo alarmante para além do nível extraordinário de crueldade que os Talibã já praticam ao negar a educação às raparigas e às mulheres”.
Um porta-voz do Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, Mohammad Sadiq Akif Muhajir, disse àquele órgão de comunicação não ter conhecimento destes incidentes, e um alto porta-voz dos Talibã, Zabihullah Mujahid, recusou-se a comentar, dizendo que estava em viagem e não tinha qualquer informação sobre os casos.
A lista de restrições impostas às mulheres no Afeganistão não tem parado de crescer desde que os Talibã recuperaram o poder no país, há dois anos. Depois da privação da educação universitária, do livre acesso ao emprego e à circulação, as autoridades afegãs anunciaram no passado sábado, 26, a proibição do acesso das mulheres ao parque nacional Band-e-Amir, localizado na província central de Bamyan, por estas alegadamente não respeitarem as regras do uso do hijab (véu islâmico). Há cerca de um mês, foram proibidos os salões de beleza no país e vedado o acesso, a todas as mulheres, a ginásios, banhos públicos e jardins.