
O diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Pimentel (à esquerda), adiantou que está a ser preparada uma exposição também em Portugal. Foto © Agencia Ecclesia / PR.
Fica no coração da cidade velha de Jerusalém e preserva um tesouro guardado pelos franciscanos da Custória da Terra Santa ao longo de mais de 800 anos: o Terra Sancta Museum abriu em 2016, e prepara-se para inaugurar este ano a sua “secção histórica”, que contará com peças de vários países europeus, incluindo Portugal.
De acordo com o frade franciscano Rodrigo Machado Soares, o contributo de Portugal “é muito importante”, porque o país recebeu muitas ofertas “ligadas aos lugares santos”, nomeadamente uma bacia de prata que “o custódio da Terra Santa usava para lavar os pés dos peregrinos, e que era uma forma de acolher, de receber”, quando chegavam à Cidade Santa, que ainda hoje é utilizada, revelou à agência Ecclesia durante a apresentação do projeto museológico, que decorreu na passada terça-feira, 7 de março.
O diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Pimentel, que também participou nesta apresentação, disse aos jornalistas que “Portugal tem uma parte substancial nas doações reais ao Santo Sepulcro”, e que este “é um grande projeto da Custódia”, de finalmente dar expressão pública do tesouro que foi acumulando e custodiando.
António Pimentel adiantou ainda que a Fundação Calouste Gulbenkian convidou a Custódia do Santo Sepulcro a apresentar, no âmbito de uma exposição que está a ser preparada para o final de 2023, “os tesouros do Santo Sepulcro em Lisboa”.
Trata-se de um “acervo incrível de peças extraordinárias que para além do aspeto religioso e do significado estético, tem também o significado histórico e político. Durante séculos, a Terra Santa funcionou como grande teatro da diplomacia internacional, é o local onde as próprias cortes rivalizavam em ofertas para que se repercutissem nas cortes europeias”, sublinhou o diretor do Museu Gulbenkian.
O padre franciscano João Lourenço, especialista em Sagrada Escritura, destacou por seu lado que “muitos desses dons têm feito história, mas pelo seu valor, pela sua quantidade, não estavam em exposição acessível à contemplação das pessoas, estavam guardados”. Algo que irá agora mudar, com a possibilidade de os expor na Gulbenkian e no Terra Sancta Museum, onde ocuparão uma das salas do Convento de São Salvador.