
Atacantes armados ligados ao Boko Haram assaltaram o Seminário Menor de Saint Kisito de Bougui, no Burquina Faso. © ACN Portugal
Cerca de três dezenas de atacantes armados ligados ao Boko Haram assaltaram o Seminário Menor de Saint Kisito de Bougui, no Burkina Faso, destruindo equipamento e instalações, causando elevados danos materiais e ameaçando de morte os 146 jovens seminaristas, exigindo que abandonassem de vez o local.
O assalto, noticiado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), ocorreu na noite de 10 para 11 (quinta para sexta-feira).
Além da ameaça de serem mortos se regressassem ao local, os seminaristas ouviram os terroristas dizer que “não queriam ver cruzes” no local, justificando desse modo a destruição de um crucifixo que se encontrava no edifício, como relata a mesma fonte.
Os 146 seminaristas refugiaram-se junto das suas famílias, enquanto muitas outras pessoas da zona fugiram também para lugares mais seguros. O ataque ao seminário, situado a cerca de dez quilómetros da cidade de Fada N’Gourma (Leste), durou cerca de uma hora, tendo os atacantes queimado dois dormitórios, uma sala de aulas e um veículo. A AIS relata ainda que outro veículo, ao serviço do seminário, foi roubado.
O bispo da diocese de Fada N’Gourma, Pierre Claver Yenpabou Malgo, visitou o local na sexta-feira, dia 11, tendo-se encontrado com os seminaristas e os seus familiares, além dos formadores – na altura do ataque, havia sete no edifício.
Em Outubro último, o cardeal Phillipe Ouèadraogo deu uma entrevista à Rádio Vaticano em que classificava como “dramática” a situação na região, acusando o Boko Haram de ser responsável pela violência contra as populações. Nessa altura, dizia o cardeal, havia já cerca de um milhão e 400 mil refugiados. “A situação é dramática. Da Nigéria, o grupo terrorista Boko Haram, espalhou-se pela África Ocidental, especialmente Mali, Níger e Burkina Faso. Somos constantemente confrontados com o problema da segurança e da paz”, afirmava Ouèadraogo.

O cardeal que é também presidente da presidente do SCEAM (Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar), encontrara-se nessa ocasião com o Papa Francisco, diante de quem recordou um ataque que se registara pouco antes numa aldeia no norte do país, em que foram mortas 131 pessoas: “Isto é dramático. Porque matam eles os seus irmãos? Quem está pode trás destes homens? Quem os está a ajudar?”, perguntava ele na entrevista referida.
O arcebispo de Ouagadagou dizia ainda que era necessário saber quem fornecia as armas aos terroristas. “Nós não fabricamos Kalashnikovs no Burkina Faso. Todo este material vem de fora. Quem dá esse dinheiro, quem apoia esse movimento?”
O país é um dos que tem sofrido a violência do Boko Haram. Em Junho de 2020, Rafael D’Aqui, responsável de projectos da AIS, afirmava que os grupos jiadistas estavam a transferir do Médio Oriente para a região do Sahel o plano para edificar o que designam de califado islâmico.