"Este pontificado é um desastre"

Textos atribuídos a cardeal Pell revelam amargas críticas ao Papa Francisco

| 12 Jan 2023

papa francisco com cardeal george pell, foto vatican media

Papa Francisco e cardeal Pell. “Comentadores de todas as escolas, embora por diferentes razões (…) concordam que este pontificado é um desastre em muitos ou na maioria dos aspetos; uma catástrofe”, terá escrito o australiano. Foto © Vatican Media.

 

Apenas um dia após a morte do cardeal George Pell, surgiram notícias de que este terá escrito recentemente dois textos em que tece pesadas críticas ao Papa Francisco, usando palavras como “desastre” e “catástrofe” para descrever o seu pontificado e referindo-se ao sínodo dos bispos por ele convocado como um “pesadelo tóxico”.

No blogue Settimo Cielo, o vaticanista italiano Sandro Magister assegurou esta quarta-feira, 11 de janeiro, que Pell foi o autor de um memorando que começou a circular em março de 2022 entre os cardeais e que foi publicado nesse mesmo blogue. O documento divide-se em duas partes – “O Vaticano hoje e “O próximo conclave” – e lista uma série de pontos que vão desde a pregação “enfraquecida” do Evangelho por parte de Francisco até à precariedade das finanças da Santa Sé e à “falta de respeito pela lei” no Vaticano.

“Decisões e políticas são muitas vezes ‘politicamente corretas’, mas há graves falhas no apoio aos direitos humanos na Venezuela, Hong Kong, China continental e agora na invasão russa”, pode ler-se no texto.

“Comentadores de todas as escolas, embora por diferentes razões (…) concordam que este pontificado é um desastre em muitos ou na maioria dos aspetos; uma catástrofe”, terá escrito Pell, na altura sob o pseudónimo de “Demos”.

No memorando, Pell dedica particular atenção à investigação de fraude financeira a decorrer no Vaticano, a qual havia inicialmente saudado por seguir na linha dos seus esforços para expor a corrupção na Santa Sé, depois de ter sido escolhido por Francisco para o cargo de prefeito da Secretaria para a Economia, em 2013.

Em março de 2022, no entanto, a sua postura já seria diferente, tendo colocado em causa o direito de defesa num sistema legal sobre o qual Francisco tem poder absoluto, sublinhando que o Papa emitiu quatro decretos secretos durante o curso da investigação “para ajudar a acusação” sem que os afetados tivessem o direito de apelar.

Pell saiu também em defesa de um dos arguidos, o cardeal Angelo Becciu, que Francisco demitiu em setembro de 2020 antes de ter sido formalmente acusado e de quem se suspeitou ter financiado o processo de acusação do próprio Pell por abusos sexuais. “A falta de respeito pela lei no Vaticano corre o risco de se tornar um escândalo internacional”, disse o cardeal australiano.

No mesmo dia, a revista conservadora The Spectator publicava um artigo (disponível apenas para subscritores) que diz ter sido escrito por Pell nos dias anteriores à sua morte. Nesse texto, Pell refere-se ao processo sinodal promovido por Francisco em toda a Igreja como um “pesadelo tóxico”.

O cardeal queixa-se da “crescente confusão, ataque à moralidade tradicional e inclusão no diálogo do jargão neomarxista sobre exclusão, alienação, identidade, marginalização, sem voz, LGBTQ”, bem como do “deslocamento das noções cristãs de perdão, pecado, sacrifício, cura e redenção”, cita a agência Associated Press.

A missa fúnebre com a presença do corpo do cardeal George Pell será celebrada no próximo sábado, 14 de janeiro, pelas 11h30 (10h30 na hora de Lisboa), na basílica de São Pedro. A liturgia fúnebre ficará a cargo do decano do Colégio Cardinalício, o cardeal Giovanni Battista Re, juntamente com os cardeais e bispos presentes em Roma, e na presença do papa Francisco, que no final celebrará o rito da Ultima Commendatio e Valedictio.

O corpo de Pell será enviado para a Austrália e sepultado na cripta da Catedral de St. Mary, em Sydney, em data ainda a confirmar. O estado australiano de Victoria rejeitou veementemente nesta quinta-feira, 12 de janeiro, a realização de uma cerimónia pública para o falecido cardeal George Pell, com a justificação de que seria “profundamente angustiante” para os sobreviventes de abusos sexuais.

 

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