
Papa Francisco recebeu Ramos-Horta, em outubro de 2021, na qual o bispo de Roma ofereceu ao presidente timorense uma cópia do documento. Foto do Facebook de Ramos-Horta.
Timor-Leste é o primeiro país do mundo a adotar um documento endossado pelo Papa que promove a paz e a harmonia entre cristãos e muçulmanos.
Segundo a agência asiática UCA News, todos os 60 deputados deste país do sudeste asiático, concordaram na sessão plenária de 12 de maio em adotar o documento sobre Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência, que o Presidente recém-eleito José Ramos-Horta espera implementar o documento no currículo escolar e, assim, contribuir para manter a harmonia e a paz interreligiosa.
O documento, que busca promover uma “cultura de respeito mútuo” entre cristãos e muçulmanos, na descrição da agência, foi assinado em 4 de fevereiro de 2019 pelo Papa Francisco e Ahmed el-Tayeb, o grande imã de Al-Azhar, em Abu Dhabi, durante a visita papal aos Emirados Árabes Unidos. Por isso, o documento também é conhecido como a Declaração de Abu Dhabi.
Ramos-Horta tem pressionado ativamente os legisladores para a sua adoção. O presidente deste país de maioria católica também discutiu isso com o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, um muçulmano, na reunião que mantiveram os dois a 28 de abril. “Timor-Leste será o primeiro país do mundo a adotar o documento no currículo escolar”, afirmou o novo Presidente. “Ele ensinará às crianças em idade escolar sobre religião, etnia, classe social e tolerância política na sociedade.”
Para Ramos-Horta, é importante para Timor-Leste, como país maioritariamente católico na Ásia, manter a sua reputação “de um país livre de violência motivada pela religião”.
O presidente do Parlamento, Aniceto Guterres, anunciou também que se reuniria com o encarregado de negócios da nunciatura apostólica em Díli, monsenhor Marco Sprizzi, para apresentar o decreto sobre a adoção da Declaração de Abu Dhabi.
Já o franciscano Roberto Fernandez, professor da Escola São Francisco de Assis, em Fatuberliu, distrito de Manufahi, a cerca de 190 quilómetros a sul de Díli, disse que a adoção do documento “é o passo certo para afirmar a posição de Timor-Leste como um país amante da paz”. “Estamos prontos para implementá-lo aqui… O princípio é que Timor-Leste precisa de continuar a ser um lar seguro para todos, especialmente para todas as religiões.”