Denúncias continuam sem resposta

Trabalhadores do Mundial do Qatar sem respostas da FIFA

| 18 Jun 2023

As denúncias de ilegalidades durante o Mundial do Qatar continuam sem resposta da parte da FIFA. Foto © Amnistia Internacional

As denúncias de ilegalidades durante o Mundial do Qatar continuam sem resposta da parte da FIFA. Foto © Amnistia Internacional

 

A Amnistia Internacional acusa a FIFA, Federação Internacional de Futebol, de não compensar os trabalhadores ilegais que, durante o Mundial do Qatar, sofreram “violações dos direitos humanos”. De acordo com uma investigação da organização, fiscais e guardas de segurança contratados pela Teyseer Security Services, uma empresa sediada no Qatar, que trabalharam no Mundial de Futebol 2022, sofreram “uma série de danos e abusos relacionados com o trabalho”.

Uma investigação da Amnistia Internacional revelou que ocorreram graves abusos laborais durante o Campeonato do Mundo, que não foram devidamente resolvidos, apesar de a organização ter publicado um relatório de 70 páginas em abril de 2022, que alertava para situações sistemáticas e estruturais de violações de direitos no setor da segurança privada no Qatar. “Os organizadores do Campeonato do Mundo estavam bem cientes dos problemas, mas não puseram em prática medidas adequadas para proteger os trabalhadores e evitar abusos laborais previsíveis nas instalações do Campeonato do Mundo, mesmo depois de os trabalhadores terem levantado estas questões diretamente”, afirmou Steve Cockburn, Diretor de Justiça Económica e Social da Amnistia Internacional.

Para a sua investigação, a Amnistia Internacional falou com 22 homens do Nepal, Quénia e Gana, que se encontravam entre os milhares de trabalhadores migrantes contratados a curto prazo pela Teyseer. A organização analisou contratos de trabalho, correspondência relativa a ofertas de emprego e materiais audiovisuais, incluindo registos de voz de comunicações entre trabalhadores e agentes de recrutamento, e analisou informações relativas a outros trabalhadores que foram anteriormente entrevistados pela organização de defesa dos direitos humanos, e que corroboram as alegações de que muitos outros sofreram abusos semelhantes.

Os migrantes relataram também que protestaram em várias ocasiões enquanto estavam no Qatar, sendo que alguns recorreram à linha direta para queixas, mas denunciando que “nenhuma ação foi tomada”. “Um trabalhador disse que um gerente ameaçou demiti-lo e a outros em retaliação pela reclamação e advertiu-os que não relatassem problemas novamente. Dias antes de os seus contratos expirarem, no início de janeiro, centenas de agentes de segurança fizeram um protesto exigindo as suas dívidas, incluindo horas extra não pagas e um bónus que disseram ter sido prometido na conclusão de suas funções. Após esse protesto, os trabalhadores disseram que representantes da Teyseer e do Governo prometeram que seriam indemnizados, uma promessa que não foi honrada”, realçou Steve Cockburn.

O Qatar introduziu mecanismos de reclamação, mas, denuncia a organização, os trabalhadores têm de estar no país para aceder aos tribunais do trabalho e ao sistema de indemnização. Sem poderem apresentar queixa à distância e sem outra alternativa que não seja abandonar o país, os trabalhadores migrantes viram ser-lhes negada justiça.

A Teyseer negou as alegações dos trabalhadores, afirmando que seguiu um “processo de recrutamento ético” e detalhando longamente as várias medidas que disse ter tomado para proteger os direitos dos trabalhadores nas obras do Campeonato do Mundo, e a FIFA afirmou que foram efectuadas as devidas diligências em relação à Teyseer, mas reconheceu a existência de “perceções e pontos de vista diferentes” sobre a experiência dos trabalhadores da Teyseer, não se comprometendo a intervir para resolver o problema.

Tanto a FIFA como a Teyseer confirmaram que as questões tinham sido levantadas através da linha direta e afirmaram que tinham sido resolvidas.

A Amnistia Internacional preparou um vídeo da campanha de pressão sobre a FIFA, onde se mostram ativistas a pedir “justiça para os trabalhadores” usando camisolas que imitam as que são usadas pelos jogadores em campo. O vídeo refere ainda as mais de um milhão de assinaturas que a organização recolheu em praticamente todo o mundo. O vídeo pode ser visto a seguir.

 

 

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