
Um concerto recente, em Odivelas, com os mesmos alunos que vão cantar e tocar no próximo sábado em Lisboa e, em Fevereiro, em Roma. Foto: Direitos reservados..
Será um concerto que cruza o canto gregoriano com música portuguesa do século XVII, mas que pretende preparar também uma visita de estudo a Roma: no próximo sábado, 28, às 17h, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, 22 alunos da Escola Artística e do Consort de Flautas de Bisel do Instituto Gregoriano de Lisboa (IGL) cantarão gregoriano e executarão obras de compositores como Manuel Rodrigues Coelho, António Carreira, Pedro de Araújo ou Pedro de San Lorenzo, transcritas para flauta.
Depois do concerto de sábado, segue-se uma visita de estudo a Roma, entre 10 e 18 de Fevereiro. Ali, os 22 alunos terão possibilidade de ter aulas no Pontificio Istituto di Musica Sacra (PIMS), da Santa Sé, cantar gregoriano numa celebração de vésperas e numa missa, visitar a igreja de Santo António dos Portugueses ou realizar um concerto na basílica do próprio PIMS, repetindo o programa do próximo sábado.
“Os alunos irão cantar dentro do contexto litúrgico e histórico em que não cantam normalmente aqui em Portugal”, diz ao 7MARGENS Filipa Taipina, professora de canto gregoriano e uma das docentes que, com Diana Pinto e Bárbara Villalobos, dinamizou a ideia da viagem e acompanhará os alunos.
“Em Portugal, é o Estado que toma conta do ensino do gregoriano e não a Igreja”, diz Filipa Taipina. E não é acertada a ideia de a Igreja se “aproximar das pessoas baixando o nível” musical, porque isso “deixou de fora muita gente que não suporta” alguma música mais ligeira na missa, diz a professora do IGL.
Além do mais, o canto gregoriano tem público e está na base do desenvolvimento da cultura musical do Ocidente, recorda Filipa Taipina. “Se não fosse o canto gregoriano, não sabemos quando é que seria inventada a notação musical, que possibilitou a composição.”
No sábado, o concerto, de entrada livre, terá à entrada uma caixa para ajudar a financiar a viagem dos 22 alunos do curso secundário de Canto Gregoriano, do Consort de Flautas e História da Cultura e das Artes da Escola Artística do IGL.
Fundado em 1976, o IGL é uma escola pública de ensino vocacional básico e secundário de música, única no país e na Europa, já que inclui no plano de estudos disciplinas exclusivamente dedicadas ao ensino específico do Canto Gregoriano. Sucedendo ao Centro de Estudos Gregorianos, que tinha sido criado em 1953, o ensino no IGL foi garantido inicialmente por professores vindos de escolas de Paris: Instituto Gregoriano, Conservatório Nacional, Universidade de Paris-Sorbonne e Escola César Frank. Desde 1983, quando acabaram os cursos superiores dos conservatórios, o IGL passou a ser uma escola vocacional de música, com ensino básico e secundário.
Além das aulas no PIMS com o professor Franz Karl Prassl, a visita de estudo dos alunos dos 11º e 12º anos incluirá ainda visitas aos Museus Capitolinos e à Galeria Borghese, às obras de Caravaggio e à colunata de Bernini na Praça de São Pedro e outras obras de arte – no que as professoras acompanhantes terão o papel de guias, já que os lugares e obras a visitar se enquadram nas matérias de estudo. “Os alunos não vão ver essas obras como turistas, mas como estudo”, diz Filipa Taipina.