
A capa do livro Em Breve, Meu Amor, de Ana Sofia Brito, com ilustração de Guilherme Limão, Retrato em diluição #1, acrílico sobre tela, 2021.
É um livro que começou no primeiro confinamento ditado pela pandemia, em Março de 2020. Ana Sofia Brito aproveitou os dias sem sair de casa para vasculhar todos os seus cadernos e papéis. Rasgou muito do que lhe entulhava as gavetas, mas também aproveitou muito – nas suas palavras, o que achava decente. O convite para escrever para o 7MARGENS e o encorajamento aí recebido levaram à ideia de um livro.
É desta forma que a editora On y va, que publica o livro Em Breve, Meu Amor, de Ana Sofia Brito, descreve como apareceu a obra que será apresentada esta sexta-feira, em Albufeira (19h15, Biblioteca Lídia Jorge) e na próxima segunda-feira, 20, em Lagoa (19h30, Biblioteca Municipal). A apresentar o livro estará o editor dos textos da secção Entre Margens, José Centeio.
A colectânea de crónicas reúne “textos que vão do puro manifesto à prosa poética, mas todos têm algo próximo da autora”, lê-se ainda na apresentação do livro: “o amor, a família, os amigos, as viagens ou práticas que fazem parte dos seus dias.”
Ana Sofia Brito, nascida em Albufeira, em 1983, começou a fazer teatro aos 16 anos na companhia Os Guizos, iniciando-se na mesma altura, como artista de rua, com números de circo.
Frequentou a escola de circo do Chapitô, em Lisboa, estudou Serviço Social em Coimbra, antes de regressar a Albufeira com 21 anos. Na sua cidade colaborou durante mais de uma década com a companhia CTC, incluindo no Festival T.
Em 2014 foi para a Moveo, em Barcelona, estudar teatro físico, compondo a sua primeira peça de palco, O Grito. No ano seguinte levou o seu espectáculo Internal Flame numa digressão por festivais universitários da Índia.
Nos últimos cinco anos, entre outras actividades, passou pelo programa televisivo Got Talent Portugal (foi semifinalista), estudou música e escrita criativa, participou em várias peças como actriz e criou o seu segundo espectáculo de palco a solo, Aurora, que completou cerca de 370 representações em todo o país.
José Centeio recorda ter ficado seduzido por uma entrevista de Ana Sofia Brito sobre a arte de rua. “Senti estar perante alguém especial, de uma grande humanidade, de uma delicadeza assertiva, à procura do seu lugar neste mundo, sem, contudo, se sentir perdida.”
Desafiando a artista a escrever para o 7MARGENS, a resposta veio rápida e positiva. O livro, que inclui várias crónicas publicadas neste jornal, incluindo a primeira, “Arte de rua: amor e brilho no olhar” (agora com o título “A rua”), “revela uma escrita impulsiva”, de alguém que se revela como um “saltimbanco da vida – ou não fosse ela dada às artes do circo”, diz José Centeio.
Ana Sofia Brito “tem mundo dentro dela, transporta consigo as experiências que viveu”, diz ainda o responsável pelos textos de opinião do 7MARGENS, e que “moldaram e moldam a sua forma de olhar o mundo”, dando voz a um outro mundo em que “a família, os amigos, o amor, os lugares, o encontro com a diferença, a proximidade com o outro, são marca de quem tudo quer sorver de um só trago, não vá a vida traí-la e deixar-lhe o vazio do não vivido ou da oportunidade perdida”.
Este é o segundo livro de diferentes autoras que inclui crónicas do 7MARGENS. Sara Jona Laísse, colaboradora moçambicana do nosso jornal, publicou há um ano o livro Entre Margens, que recolhe crónicas suas, a maior parte das quais foram aqui publicadas.