
O mosteiro está literalmente a erguer-se “por entre as nuvens que, muitas vezes, cobrem a pequena comunidade de Saburai, perto do pico de uma montanha de 1600 metros na cordilheira ocidental do país”. Foto © Missionários dos Pobres.
Mediante a iniciativa dos Missionários dos Pobres, o apoio da comunidade timorense e os donativos, competências e voluntariado de membros de comunidades paroquiais australianas, um mosteiro está a nascer no alto de uma montanha de Timor-Leste e, com ele, um projeto de promoção social e espiritual.
A reportagem do caso vinha publicada na última terça-feira, 12, no jornal australiano The Catholic Leader, com autoria de Mark Bowling. Ele conta que o mosteiro está literalmente a erguer-se “por entre as nuvens que, muitas vezes, cobrem a pequena comunidade de Saburai, perto do pico de uma montanha de 1600 metros na cordilheira ocidental do país”.
A comunidade, instalada num território a cerca de 960 metros, vive em condições de pobreza, sem infraestruturas de eletricidade e água corrente. Várias das famílias habitam casas cobertas com colmo.
A esta zona chegaram, em 2015, os Missionários dos Pobres, um instituto monástico fundado no início dos anos 80 do século passado, que visam estar presentes e testemunhar o evangelho entre os mais pobres dos pobres. Estão presentes sobretudo em países asiáticos, mas também africanos e nos Estados Unidos da América.
Para Timor-Leste foram chamados pelo bispo de Díli, para “oferecer apoio material e espiritual às muitas famílias desfavorecidas e destituídas da região de Saburai, incluindo aldeões abandonados pelas suas famílias, por sofrerem de lepra”.
A mais de 3.500 quilómetros fica a cidade de Brisbane, na costa leste do continente australiano. Nos arredores da cidade, na zona norte, fica a paróquia de S. Bento, que pertence a Mango Hill . A sul, em Victoria Point situa-se a paróquia dedicada a Santa Rita. Estes são lugares de onde têm surgido voluntários, que juntam donativos que os missionários levam para Saburai. Mas também há pessoas que se voluntariam para ir para Timor-leste ajudar naquilo para que têm competência.

Os irmãos missionários usam as profissões e conhecimentos que tinham antes de optarem pela vida religiosa para lançarem projetos e iniciativas que contribuam para o desenvolvimento da comunidade de Saburai. Por exemplo, a construção do mosteiro, que tem conclusão prevista para o final de 2024, levou-os a recrutar residentes locais para a construção, proporcionando-lhes trabalho e aprendizagem de técnicas de construção. Concomitantemente, aprenderam a explorar uma pedreira e a preparar a pedra.
Noutros projetos, os missionários trabalham com os locais, incentivando a diversificação de culturas, de forma a poderem oferecer uma maior variedade de produtos agrícolas produzidos na localidade.
Isso torna-se possível com o contributo de técnicos voluntários que apoiam os missionários e vêm trabalhar com a comunidade por alguns períodos. A reportagem do Catholic Leader dá a voz a Tony Harris que, com outros companheiros da zona de Brisbane trazem bens alimentares, medicamentos e roupa de cama. Ele é especialista em canalização de água e tem estado a trabalhar nas condutas de agua de uma nascente até ao mosteiro. Para ele, “o projeto está a ajudar toda a economia, assim como a enriquecer a vida espiritual.”
Por sua vez, a médica Helen Sadumiano, que reside em Mango Hill, tem feito rastreios de saúde numa cabana da comunidade, além de tratar de doentes. “É muito básico. Não há qualquer infraestrutura”, disse ela. Alguns aldeões caminham várias horas para vir a uma consulta. “Alguns deles eram pele e osso”, disse ela.

O mosteiro de Saburai inclui uma capela, dormitórios e uma clínica. Quando concluído, poderá acolher até 50 seminaristas. No dizer do repórter, será “um santuário contemplativo para estudo e crescimento espiritual, bem como uma base para o apoio dos Missionários às aldeias de montanha”.
Tony Harris sublinha que, já na fase de construção, “o projeto está a ajudar toda a economia, bem como a enriquecer a vida espiritual.”