
Imagens de Cristo ressuscitado a serem benzidas pelo pároco, João Paulo Sarabando, para fazer a visita pascal em Valongo do Vouga (Águeda), em lugar da tradicional cruz. Foto © Pedro Pinto, cedida pelo autor.
Pela primeira vez, a visita pascal em Valongo do Vouga (Águeda), levou uma imagem de Jesus Ressuscitado em vez da tradicional cruz. Uma experiência, a avaliar por vários testemunhos, bem acolhida pela maior parte das pessoas.
“Em cada casa/família, fomos passando a mensagem de que a crucificação, a dor e a morte aconteceram na Sexta-feira Santa. Entretanto, Jesus foi sepultado, mas ressuscitou. Está vivo, por isso é festa, é Páscoa, é o ressurgir, é novamente vida, por isso o trazemos, por isso o anunciamos”, conta ao 7MARGENS Manuel José Marques, que integrou uma das 14 equipas que levou a mensagem da Páscoa às famílias da paróquia.
“A receptividade foi evidente, com claras e espontâneas expressões de agrado pela novidade”, diz ainda este responsável, que trabalha na produção de agricultura biológica e dinamizou recentemente, na paróquia, várias sessões sobre o cuidado da casa comum, a partir da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco.
Nas visitas às casas, houve pessoas emocionadas com a mudança, diz ainda Manuel José Marques. Na manhã do Domingo de Páscoa, as imagens que seriam levadas pelos 14 grupos foram benzidas pelo pároco da freguesia, João Paulo Sarabando. À tarde, os diferentes grupos le

varam a imagem às casas que se abriam. O grupo de três mensageiros recitava duas pequenas orações em forma de “anúncio pascal”: “Cristo ressuscitou! Aleluia, aleluia! Que Jesus ressuscitado santifique a vossa família. Aleluia, aleluia!”
A própria igreja paroquial tem já uma imagem de Cristo ressuscitado num dos altares laterais. Trabalhos recentes de levantamento do património artístico da igreja permitem calcular que ela será anterior ao século XVIII.
A mensagem ficava depois em cada casa, num pequeno cartão, juntamente com uma folha com as contas da paróquia no ano passado. No caso, as receitas da paróquia em 2022 foram de 52.316,90 euros, enquanto as despesas se ficaram pelos 41.284,47 euros.
O “Compasso” ou visita pascal é uma tradição de Páscoa, que tem subsistido sobretudo a norte. Tradicionalmente, era o pároco que, no Domingo de Páscoa ou no seguinte, visitava todas as casas da paróquia para, dando a cruz a beijar, anunciar a ressurreição. O ambiente nas ruas, enquanto se esperava a cruz, era de convivência e conversas entre vizinhos ou brincadeiras de crianças. Tendo sido abandonada em alguns sítios, mantém-se ainda em muitas localidades, adaptando as formas à presença das pessoas nas localidades que, em muitos casos, se foram esvaziando.
