
Mercenários russos em Bri, na República Centro-Africana. Foto © Rui Araújo
O Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) adoptou um conjunto de sanções contra pessoas e entidades ligadas ao Grupo Wagner. Esta empresa paramilitar de mercenários russos tem sido acusada pela UE de desenvolver actividades militares ilegais e de violar direitos humanos, nomeadamente em vários países de África onde tem actuado.
“O ‘Grupo Wagner’ recrutou, treinou e enviou agentes militares privados para zonas de conflito em todo o mundo para alimentar a violência, pilhar recursos naturais e intimidar civis em violação do direito internacional, incluindo o direito internacional dos direitos humanos”, diz a resolução dos ministros da UE, aprovada nesta segunda-feira, 13, citada pelo jornal espanhol ABC.
A organização é considerada também como uma extensão oficiosa da Rússia em vários conflitos. Na República Centro-Africana, como o repórter Rui Araújo contou recentemente num trabalho publicado pelo 7MARGENS, dados internacionais apontam para a presença de 1700 paramilitares do Grupo Wagner, suspeitos de praticar vários crimes.
Além da RCA, o grupo teve uma presença importante na Líbia, Síria e Ucrânia, recorda o Público. E esteve também envolvido na primeira fase de combates aos terroristas em Cabo Delgado (Moçambique), mas a operação correu mal e o Governo de Filipe Nyusi acabou por contratar uma empresa sul-africana. Entre as formas de actuação do grupo, está o estabelecimento de acordos com empresas ou governos locais, como aconteceu no caso de Moçambique.
Entre as oito pessoas alvo das sanções, estão o fundador e responsável do grupo na Ucrânia, Dimitri Utkin. A organização é financiada por Yevgeny Prigozhin, um empresário próximo do Presidente russo, Vladimir Putin. As sanções incluem a proibição de viagens individuais e o congelamento de activos na UE.
Com esta decisão, os 27 pretendem obstar a que o grupo estenda a sua “influência maligna noutros locais, especialmente na região do Sahel” e especificamente no Mali, onde há actualmente uma missão militar francesa e da União. Citado no ABC, o Presidente francês Emmanuel Macron anunciou que se as actuais autoridades malianas permitirem a sua presença, as tropas francesas irão retirar-se do país.