
Imagem de um Quarto Crescente, símbolo do Islão, através de uma janela. Foto © Ricardo Perna
O líder do principal partido da oposição a Recep Erdogan, na Turquia, apresentou recentemente uma proposta de lei que confere às mulheres o direito a usar véu. Com eleições presidenciais à vista, o Presidente não quis deixar-se ultrapassar: anunciou neste sábado, 22 de outubro, um referendo constitucional no país para garantir o direito de uso do véu na função pública e nas instituições de ensino.
Como nota um trabalho do diário Le Monde, a Turquia, apesar de ser maioritariamente muçulmana, continua, desde Kemal Ataturk (1881-1938), a ter uma constituição secularista que proíbe o uso do véu naquele tipo de instituições. No entanto, desde os anos 90 do século passado que um número crescente de mulheres passou a usá-lo, no meio de vivos debates. Erdogan acabou com as restrições em 2013, mas o assunto não ficou resolvido.
O partido oposicionista tem sido ao longo dos anos defensor da constituição de Ataturk, mas quis, com a abertura ao uso do véu, passar a mensagem de que os eleitores não teriam a perder, em caso de mudança de orientação política.
De acordo com Le Monde, no texto a submeter a referendo, o Presidente turco inclui também uma disposição anti-LGBT, destinada a “reforçar a proteção da família” e proteger a nação de “correntes desviantes e malignas “.