
O Papa pediu ajuda a jornalistas italianos no processo do Sínodo: “Ajudem-me a narrar este processo como ele é na realidade.” Na foto, Francisco fala a jornalistas no voo de regresso da Hungria, em abril deste ano. Foto © Vatican Media.
O próximo sínodo sobre a sinodalidade pode despertar pouco interesse para o grande público, mas pelo que já se fez e vai acontecer a partir de outubro, na segunda fase, “é algo verdadeiramente importante para a Igreja”, disse no sábado o Papa Francisco, falando a um grupo de jornalistas italianos.
O Papa aproveitou o ensejo da entrega de um prémio para exprimir o que deseja: “Por favor, habituemo-nos a ouvir-nos uns aos outros, a falar, a não cortar a cabeça por uma palavra. Ouvir, discutir de forma madura. Esta é uma graça de que todos precisamos para avançar. E é algo que a Igreja de hoje oferece ao mundo, um mundo tantas vezes tão incapaz de tomar decisões, mesmo quando a nossa própria sobrevivência está em jogo.”
Explicou, depois, o que se está a passar, no atual processo sinodal. “Estamos, disse, a tentar aprender uma nova forma de viver as relações, escutando-nos uns aos outros para ouvir e seguir a voz do Espírito. Abrimos as nossas portas, oferecemos a todos a oportunidade de participar, tomámos em consideração as necessidades e sugestões de todos. Queremos contribuir juntos para construir a Igreja onde todos se sintam em casa, onde ninguém seja excluído. Aquela palavra do Evangelho que é tão importante: todos. Todos, todos: não há católicos de primeira, segunda ou terceira classe, não. Todos juntos. Todos. É o convite do Senhor.”
O “pedido de ajuda” que, neste contexto, fez aos profissionais do jornalismo foi este: “Ajudem-me a narrar este processo como ele é na realidade, deixando para trás a lógica dos slogans e das histórias pré-concebidas — não: [antes] a realidade. Alguém disse: «A única verdade é a realidade». Sim, a realidade. Todos beneficiaremos com isso, e tenho a certeza de que também isto «é jornalismo».”
Sobre o jornalismo, Francisco tinha apelado à redescoberta e cultivo do “«princípio da realidade» — a realidade é superior à ideia, sempre. A realidade dos factos, o dinamismo dos factos; que nunca são estáticos e evoluem sempre, para o bem ou para o mal, para não corrermos o risco de a sociedade da informação se transformar na sociedade da desinformação”.
E a propósito da desinformação, que considerou “um dos pecados do jornalismo”, salientou que ela se desdobra em quatro modalidades, que são quatro: a desinformação propriamente dita, quando o jornalismo não informa ou informa mal; a calúnia (por vezes usa-se este termo); a difamação, que é diferente da calúnia mas destrói; e o quarto é a coprofilia, ou seja, o amor ao escândalo, à sujidade; o escândalo vende. A desinformação é o primeiro dos pecados, os erros — digamos assim — do jornalismo”.