
Obras de construção de um dos estádios de futebol para o Campeonato do Mundo do Qatar, em 2022: há cidades francesas a protestar contra a forma como os trabalhadores foram tratados. Foto: Amnistia Internacional
Paris, Lille e Marselha são algumas das cidades francesas que vão boicotar o Mundial de futebol no Qatar, recusando-se a instalar ecrãs gigantes e a criar zonas de fãs nas principais praças das respetivas cidades, durante a transmissão dos jogos.
Esta é uma forma de protesto contra o processo que levou à escolha daquele emirato do Golfo Pérsico e, sobretudo, a exploração de trabalhadores e atentados aos direitos humanos durante os trabalhos de construção dos estádios para o evento. Várias organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram esses factos – entre elas, esteve a Amnistia Internacional, já há dois anos [ver 7MARGENS], que também exigiu indemnizações para esses trabalhadores.
Os presidentes das câmaras e conselhos municipais de Lille, Reims, Estrasburgo e Marselha, entre várias outras cidades, já tinham tomado essa opção. Paris juntou-se esta segunda-feira.
“Esta competição transformou gradualmente num desastre humano e ambiental, incompatível com os valores que queremos ver transmitidos através do desporto e especialmente do futebol”, disse Benoît Payan, presidente da Câmara de Marselha, em comunicado citado pelo jornal The Guardian.
Como parece estar fora de questão pressionar a seleção de França para não participar, depois de anos de preparação por parte da equipa, a sociedade francesa encontrou uma forma de expressar a repulsa pelo que vai estar subjacente a este Mundial.