
O padre agora ilibado exercia funções de capelão no Colégio São Tomás, em Lisboa, e foi com alunos desta escola que constituiu um gripo no WhatsApp, onde partilhava imagens e vídeos obscenos. Foto © 7Margens.
A Santa Sé arquivou o processo canónico relativo ao envio de mensagens através da rede WhatsApp que envolvia o padre Duarte Andrade e Sousa, de Lisboa. Apesar de nenhum dos pais dos alunos que integravam o grupo de mensagens ter sido ouvido por responsáveis da diocese, fonte do Patriarcado garante que o próprio padre falou com todos os pais dos alunos que integravam o grupo de WhatsApp, depois de o caso ter surgido, em Junho.
Em comunicado enviado ao 7MARGENS, o Patriarcado confirma o arquivamento canónico do processo. Fonte da diocese lisboeta diz que os seus responsáveis remeteram ao Ministério Público (MP), em Portugal, e ao Dicastério da Doutrina da Fé (DDF), no Vaticano, os elementos considerados pertinentes para o caso. Em Novembro, o MP arquivou o processo, depois de, segundo o comunicado referido, ter analisado todas as mensagens “juntas aos autos (…) não resultando das mesmas qualquer conteúdo que, por si, seja susceptível de enquadrar o ilícito criminal de importunação sexual, ou outro…”
Agora, foi o DDF, do Vaticano, que decidiu no mesmo sentido do arquivamento. No domingo, o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, responsável da Fundação JMJ e da comissão diocesana de Protecção de Menores, deslocou-se à paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na zona do Lumiar, onde presidiu à celebração da missa.
Fontes presenciais contaram ao 7MARGENS que o bispo anunciou que o padre estava bem e tinha sido ilibado pelo Vaticano das acusações que contra ele tinham surgido e que levaram à sua suspensão das funções de capelão responsável do 2º ciclo do ensino básico que ocupava no Colégio São Tomás, situado nas proximidades daquela igreja. O grupo de alunos envolvidos na rede WhatsApp incluía, no entanto, sobretudo jovens do secundário.
As mesmas fontes referiram ainda que o bispo declarou que, apesar de ilibado, o padre tinha tido comportamentos impróprios e condenáveis, dos quais se arrependera. Em causa, recorde-se, estava o facto de alguns pais terem descoberto imagens obscenas (incluindo vídeos) nos telemóveis dos filhos, num grupo de WhatsApp que o padre mantinha com alunos do colégio. Na altura, o bispo Américo Aguiar falou com a reitora do colégio, Isabel Almeida e Brito. Em Julho, quando o facto foi noticiado, a responsável da escola disse ao 7MARGENS que o próprio assumira o que sucedera e disse que deixaria de aparecer no S. Tomás.
Agora, de acordo com o comunicado, o padre Andrade e Sousa “está a ser acompanhado para, paulatinamente, se reintegrar no exercício da sua missão como presbítero do Patriarcado”. Neste momento, sabe o 7MARGENS, o padre está a trabalhar num serviço diocesano e a colaborar numa paróquia da cidade. Neste último caso, o Patriarcado, apesar de questionado, não esclareceu se ele está sujeito a algumas medidas cautelares limitadoras de contactos ou movimentos. Uma fonte da diocese apenas se referiu a este tempo como um “caminho das pedras” que o padre Duarte está a fazer, depois do que aconteceu.