
Papa Francisco saúda o bispo Christopher Saunders durante a visita ad limina dos bispos australianos, em junho de 2019. Foto © Vatican Media.
Um relatório de aproximadamente 200 páginas foi enviado pelas autoridades eclesiásticas da Austrália ao Dicastério para a Doutrina da Fé, contendo acusações de abuso sexual e assédio cometidos contra menores e jovens aborígenes por Christopher Saunders, 73 anos, bispo emérito de Broome, diocese localizada no noroeste da Austrália. A informação foi confirmada esta quarta-feira, 20 de setembro, pelo Vatican News.
Uma parte do relatório de investigação, datado de abril de 2023, foi divulgada pela cadeia televisiva australiana Seven Network, que na passada segunda-feira mostrou algumas páginas onde são relatados os abusos que o bispo terá cometido contra quatro jovens aborígenes e a suposta sedução e assédio de outros 67 jovens não identificados.
A polícia australiana já havia conduzido duas investigações ao mesmo bispo entre 2018 e 2020, cujos resultados foram inconclusivos por falta de provas. No ano passado, e já depois de Saunders ter renunciado ao cargo (em 2021) – apesar de afirmar sempre a sua inocência – foi iniciada uma investigação pela própria Igreja australiana.
“A investigação subsequente da Igreja, determinada pela Santa Sé no ano passado, foi supervisionada pelo arcebispo de Brisbane, Mark Coleridge, mas confiada a uma organização investigativa especializada, experiente e independente”, esclareceu o arcebispo de Perth, Timothy Costelloe, presidente da Conferência Episcopal da Austrália, em comunicado. “No devido tempo, a Santa Sé tomará as suas decisões. Espera-se que isto não seja indevidamente atrasado. Depois de um processo longo e doloroso para muitos, é importante que se chegue a uma conclusão justa e confiável”, acrescentou.
Reconhecendo que as acusações de que é alvo o bispo emérito de Broome são “graves e angustiantes”, o presidente da Conferência Episcopal da Austrália assinalou ainda que “é apropriado que sejam investigadas minuciosamente”.
A polícia australiana anunciou entretanto ter já solicitado uma cópia do relatório enviado ao Vaticano, garantindo a reabertura do processo caso surjam novas informações que o justifiquem.