
Roma vista a partir da cúpula da Basílica de S. Pedro. Foto © Imagem de Domínio Público
O portal do Vaticano na Internet e o site Vatican News foram esta quarta-feira, 30 de novembro, alvo de um ciberataque que os tornou inacessíveis por várias horas. Foi a primeira vez que tal sucedeu, segundo disse Matteo Bruni, que dirige a Sala de Imprensa da Santa Sé.
Segundo Matteo Bruni, foi a primeira vez que uma situação deste tipo ocorreu. Registaram-se “tentativas anormais de aceder ao site”, que esteve inoperacional numa boa parte da tarde. “Investigações técnicas estão em andamento”, de acordo com o porta-voz, que não acrescentou mais informações.
As atenções e atribuições viraram-se, de imediato, para a Rússia. Não porque existam indícios ou provas de envolvimento, mas por associação a factos recentes que levaram o Kremlin a fazer uma crítica contundente do Vaticano.
De facto, na entrevista ao Papa Francisco, publicada no último domingo pela revista America, dos Jesuítas norteamericanos, a dada altura, é-lhe perguntado porque se tem recusado a nomear quem são os agressores, na guerra da Ucrânia.
A resposta é clara: “Quando falo da Ucrânia, falo de um povo martirizado. Se existe um povo martirizado, existe alguém que o martiriza. Quando falo da Ucrânia, falo de crueldade porque tenho muitas informações sobre a crueldade das tropas que lá chegam. Geralmente os mais cruéis são talvez as pessoas que sendo da Rússia, não são da tradição russa, como os chechenos, os buriates, etc. Certamente o invasor é o Estado russo. Isso é muito claro. Às vezes tento não especificar, mas condenar em termos gerais, para não ofender, embora se saiba quem estou a condenar. Não é necessário colocar o nome e o sobrenome.”
E acrescentou, mais adiante: “A posição da Santa Sé é buscar a paz e buscar um entendimento. E a diplomacia da Santa Sé está a mover-se nessa direção e, claro, está sempre disposta a mediar.”
As declarações receberam um protesto do Kremlin e resposta pronta de representantes das minorias citadas pelo Papa e, sobretudo, da porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova: “Isto já não é russofobia, é uma perversão num nível que nem consigo nomear. (…) Somos uma família com buriates, chechenos e outros representantes do nosso país multinacional e multiconfessional”, acrescentou.
Quanto ao cibertaque aos sítios do Vaticano na Internet, foi o embaixador da Ucrânia junto da Santa Sé, Andrii Yurash, a comentar: “Os terroristas entraram hoje em sítios da cidade do Vaticano”, ilustrando as palavras com pequenas bandeiras da Rússia.