
Muitas têm sido as teorias avançadas para explicar o desaparecimento de Emanuela Orlandi, mas nenhuma delas foi confirmada. Foto: Direitos reservados.
Emanuela Orlandi, 15 anos, fila de um funcionário do Vaticano, desapareceu em 1983, após ter saído de casa para uma aula de música em Roma. O seu paradeiro e a causa do desaparecimento nunca foram descobertos, mas, a pedido da família, uma nova investigação foi agora aberta, confirmou esta terça-feira, 10 de janeiro, o Vatican News.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou que a decisão foi confirmada pelo o promotor de justiça do Vaticano, Alessandro Diddi. De acordo com o jornal britânico The Guardian, Diddi reabriu o caso após insistentes pedidos do irmão mais velho de Emanuela, Pietro, que tem feito uma campanha incansável nas redes sociais e nos média para que seja descoberta a verdade por trás do seu desaparecimento.
Laura Sgrò, advogada da família Orlandi, disse ao The Guardian ainda não ter sido oficialmente informada da decisão. “Só soubemos da investigação pelos média”, afirmou. “Há um ano, escrevemos ao Papa com a intenção de falar com o promotor de justiça. É claro que estamos felizes por eles estarem a fazer uma investigação, mas realmente esperamos que isso forneça respostas concretas.”
Diddi terá assegurado à agência de notícias Adnkronos que “todos os arquivos, documentos, relatórios, informações e testemunhos” relacionados com o caso seriam reexaminados para esclarecer uma série de questões e “não deixar pedra sobre pedra”.
A Justiça do Vaticano havia determinado o arquivamento do caso em abril de 2020, depois de, na sequência de uma pista anónima, terem sido investigados os restos mortais encontrados no Campo Santo Teutónico, no interior do Vaticano, e descartada qualquer relação dos mesmos com o desaparecimento da adolescente.
Muitas têm sido as teorias avançadas para explicar o desaparecimento de Emanuela Orlandi, entre as quais o seu rapto por parte de um grupo que tinha como intenção chantagear o Vaticano, com vista à libertação de Mehmet Ali Ağca (preso dois anos antes, acusado de uma tentativa de assassinato do Papa João Paulo II), ou a do sequestro por parte de um cabecilha de um grupo da máfia italiana, Banda della Magliana. O intuito seria recuperar dinheiro por alguns grupos mafiosos, após o colapso do Banco Ambrosiano, ligado ao Vaticano.
O caso deu origem à minissérie da Netflix “A Rapariga do Vaticano: O Desaparecimento de Emanuela Orlandi”, lançada no ano passado e disponível na versão portuguesa da plataforma de streaming.